Vocação

“Entre os outros benefícios que temos recebido e ainda recebemos diariamente da generosidade do Pai de toda Misericórdia está a nossa vocação, que quanto maior e mais perfeita mais a Ele é devida” (Testamento de Santa Clara)

A vocação é um dom do amor de Deus. A fonte de todo dom perfeito é Deus, e Deus é Amor. A Sagrada Escritura narra a história desta verdade profunda da nossa existência que está contida neste mistério admirável: cada criatura, e particularmente cada pessoa humana, é fruto de um pensamento e de um ato de amor de Deus, amor imenso, fiel e eterno (cf. Jer 31, 3). É a descoberta deste fato que muda, verdadeira e profundamente, a nossa vida.

Trata-se de um amor sem reservas que nos precede, sustenta e chama ao longo do caminho da vida e que tem a sua raiz na gratuidade absoluta de Deus. De fato, cada vocação específica nasce da iniciativa de Deus, é dom do amor de Deus! É Ele que realiza o primeiro passo, e não o faz por uma particular bondade que teria vislumbrado em nós, mas em virtude da presença do seu próprio amor “derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5, 5).

Em todo o tempo, na origem do chamamento divino está a iniciativa do amor infinito de Deus, que se manifesta plenamente em Jesus Cristo.  O amor de Deus permanece para sempre; é fiel a si mesmo, por isso é preciso anunciar de novo, especialmente às novas gerações, a beleza persuasiva deste amor divino, que precede e acompanha: este amor é a mola secreta, a causa que não falha, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.

É a este amor que devemos abrir a nossa vida, cada dia. Jesus Cristo chama-nos à perfeição do amor do Pai (cf. Mt 5, 48). Na realidade, a medida alta da vida cristã consiste em amar “como” Deus; trata-se de um amor que, no dom total de si, se manifesta fiel e fecundo. Neste terreno de um coração em oblação, na abertura ao amor de Deus e como fruto deste amor, nascem e crescem todas as vocações. E é bebendo nesta fonte durante a oração, através duma familiaridade assídua com a Palavra e os Sacramentos, nomeadamente a Eucaristia, que é possível viver o amor ao próximo, em cujo rosto se aprende a vislumbrar o de Cristo Senhor (cf. Mt 25, 31-46

Estas duas expressões do único amor divino devem ser vividas, com particular vigor e pureza de coração, por aqueles que decidiram empreender um caminho de discernimento vocacional em ordem ao ministério sacerdotal e à vida consagrada; aquelas constituem o seu elemento qualificante. De fato, o amor a Deus, do qual os presbíteros e os religiosos se tornam imagens visíveis – embora sempre imperfeitas –, é a causa da resposta à vocação de especial consagração ao Senhor através da ordenação presbiteral ou da profissão dos conselhos evangélicos. O vigor da resposta de São Pedro ao divino Mestre: ”Tu sabes que Te amo” (Jo 21, 15) – é o segredo duma existência doada e vivida em plenitude e, por isso, repleta de profunda alegria.( Papa Bento XVI)

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