Espiritualidade

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CULTURA CAVALHEIRESCA

Assis era uma pequena cidade na qual se detecta uma situação de luta entre maiores e menores na sociedade e disputa entre papado e império.

A FAMÍLIA DE CLARA E SEU AMBIENTE

Clara pertencia à nobreza cavalheiresca das famílias maiores; seu pai era um cavalheiro e seu tio Monaldo primogênito da família. Sua mãe era uma mulher muito apegada à religião; fez muitas peregrinações aos lugares santos e obras de misericórdia. Este fervor o inculca a suas filhas, e é possível que influiu em Clara seu desejo de ajudar aos leprosos de seu tempo e inclusive ao decidir seguir a Francisco. 

 A JUVENTUDE DE CLARA

Os dados são do processo de canonização, os quais dizem que Clara tinha a virtude de santidade desde seu nascimento, por levar uma vida angélica.  Também tinha qualidades cortesãs de acordo com a cultura, e sua fama de santidade se conhecia desde que vivia no mundo, continuando-a no mosteiro.  Diz-se que ela rechaçou o compromisso realizado por seus familiares, por que sentia que esse não era seu caminho.

SUA CONVERSÃO

O fato mais importante da vida de Clara é o de sua conversão, que a leva a dar um passo da casa paterna a uma vida nova, com estilo e regras jamais experimentadas. Esta decisão ela a toma aos dezoito anos, e  condicionará toda sua vida.  A  amizade com Francisco e sua forma de vida a levam a tomar este caminho. O tema da conversão o utiliza em todos seus escritos quando fala de suas irmãs, de Francisco e de sua própria conversão, como uma ruptura que marcava o começo de uma vida distinta ou de um novo nascimento.  Clara toma a opção de romper com a família e a vida passada, para viver segundo o Evangelho.

ENCONTRO COM FRANCISCO

Não é fácil saber quem é que toma a iniciativa do encontro, se Clara ou Francisco; o mais provável é que tenha sido ela, que desde sua infância se preocupou pelos pobres graças a seu espírito de busca religiosa. E Clara sempre teve gestos de generosidade e entrega para com os outros.  Ao saber da vida de Francisco e seus irmãos fica impressionada, sente que é o que  buscou em toda sua vida, por isso opta por seguir esta forma de vida.

Clara mostra um forte espírito de iniciativa e serviço a Deus, o qual  expressa a través de suas obras de misericórdia. 

O maior obstáculo que existia na opção de Clara era sua família, que alimentava o projeto de desposá-la com uma pessoa nobre, e assim compartilhar essa vida de pobreza, teve um caráter autêntico de luta, ao fugir de sua casa e mudar de vida vida, num Domingo de Ramos de 1212.

Acontecida a fuga, Clara é recebida por Francisco e seus  primeiros companheiros, na Porciúncula, e se entrega a Deus, consagração esta, simbolizada pela tonsura dos cabelos. A família ao dar-se conta da fuga de Clara, vai em sua busca, no mosteiro de São Paulo das Abadessas, que nesse tempo é o mais rico e famoso da comarca.  Clara, ao apresentar-se, não o faz com dote, motivo pelo qual é  recebida só como serva.

Seu  tio Monaldo vai com seus guardas ao encalço de Clara, que se refugia na Capela do Mosteiro, e agarra-se à toalha do altar.  Este gesto, naquele tempo, significava que quem se atrevesse pôr as mãos na pessoa nessas condições, sofreria a pena de excomunhão. Clara mostra a cabeça tonsurada, que era sinal da pertença a Deus.

UM PRIVILÉGIO DE UMA VIDA SEM PRIVILÉGIOS

Como já dissemos o mosteiro de São Paulo era muito rico por isso tinha muitos privilégios; um era de dar asilo, por isso Clara se refugia nele e é acolhida. Depois de pouco tempo, Clara deixa este mosteiro, pois a radicalidade de sua opção era a vida de pobre sem privilégios.

O motivo pelo qual abandona o mosteiro de São Paulo não se deveu a pressões externas, senão a uma convicção pessoal. Sentia que era impossível praticar a pobreza pessoal em uma estrutura globalmente rica. Não lhe bastou haver-se humilhado a si mesma, ao assumir uma condição vil, quando foi admitida como uma servente. Pelo contrário, servir e viver na humildade lhe parecia necessário e o fez em  toda sua vida.

Vai, então, para um outro convento chamado Santo Ângelo, onde encontra um grupo de mulheres que viviam juntas uma vida de penitência sem professar nenhuma regra reconhecida. O período que aí viveu,  foi para Clara uma tomada de consciência ao descobrir as novas formas de vida religiosa, que outras mulheres praticavam por aqueles tempos. 

Um fato marcante, que mudou a perspectiva de Clara em relação à vontade do Senhor, foi a chegada, apenas 16 dias, depois, de sua irmã carnal, que desejava viver o mesmo tipo de vida em pobreza e consagração radical.   Clara, percebe, então, que não estaria só, mas que o Senhor lhe dava Irmãs.

A última e definitiva opção, foi o translado a São Damião (São Francisco leva para lá as duas irmãs)  onde se fez pleno e patente o ideal que tanto havia buscado; São Damião é um dos lugares cêntricos do primeiro movimento franciscano.  Foi aí que Francisco ouviu pela primeira vez o convite a reparar a Igreja do Senhor que estava em ruínas e onde se lhe juntaram os primeiros irmãos.

O TRABALHO

O trabalho, foi disposto por Francisco para evitar o ócio. Clara porém ela vai mais além, ao dizer que o trabalho manual é um dos aspectos fundamentais de sua experiência.  Por isso, mesmo durante sua longa  enfermidade e até pouco antes de sua morte, trabalha, bordando corporais.

Com esta atitude frente ao trabalho, Clara se insere plenamente na linha de Francisco, que havia feito do trabalho uma característica distintiva da minoridade.  Ademais, vê o trabalho como intrinsecamente positivo, por isso não permite que se receba dinheiro, senão alimento como paga de seu trabalho.

Clara e suas irmãs, vivem do trabalho de suas mãos ao tecer e bordar corporais, coser, pintar… No século XIII, a indústria têxtil era importante para o comércio.  Em São Damião, tecer é importante como sustento, de uma maneira pobre e austera,  para toda a comunidade, e para ajudar a outros que o necessitavam.

O trabalho é realizado igualmente por todas as irmãs, que, cheias de amor não se sentem obrigadas, mas, descobrem nele um serviço e uma entrega ao Senhor, Clara sempre incentivou as Irmãs para o serviço, porque todas devem ser servidoras. Ela rechaça os privilégios e categorias que levam a dispensar  o trabalho.

O PRIVILÉGIO DA POBREZA

Durante séculos muitas mulheres se entregaram a uma forma de vida segundo a inspiração dada por Deus, e pedem apoio e proteção da Igreja, seguindo uma Regra antiga e vivendo em Mosteiros.  E no século XIII acontece o florescimento de pequenas comunidades femininas que surgem espontaneamente por toda Europa, porém sobretudo na Itália central. As autoridades eclesiais tomam uma atitude prudente em relação ao assunto, até que o IV Concilio de Latrão, em 1215,  proíbe toda nova forma de vida religiosa, e exige que todas as existentes, se façam reger por uma das regras tradicionais.

Clara se vê obrigada a adotar uma Regra, e por pressão de Francisco, aceita a Regra de São Bento e o título de Abadessa. Mas também consegue o Privilégio da Pobreza, do Papa Inocêncio III.

Apesar de tudo que se lhes impõe a espiritualidade beneditina, são contudo, os franciscanos que ajudam à comunidade de damianitas infundindo-lhes o espírito fraterno segundo a experiência de Francisco deixada na regra de 1214-1216.  A comunidade de São Damião cresce, e mesmo como Abadessa, Clara se faz igual as outras Irmãs, no serviço e na humildade, e pede ao Papa Inocêncio III um reconhecimento peculiaríssimo. É o “Privilegio da Pobreza”,  o centro e coração da experiência da comunidade de São Damião que lutou sempre por seguir o Senhor Jesus Cristo Pobre.

Não foi fácil a Igreja aceitar aprovar este carisma, já que temia que as Irmãs não pudessem sobreviver a tanta pobreza devido à sua debilidade de mulheres; o que só foi alcançado devido à exigência e firmeza de Clara.

Apesar de tudo, Clara continua vivendo a Forma de Vida que São Francisco lhe escreveu: “Observar o Santo Evangelho de N. S. Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem nada de próprio e em castidade”,  e segue escrevendo um Testamento e uma Regra de Vida, que só é aprovada em 9 de agosto de 2153, dois dias antes de sua morte.

O ESPAÇO DA SANTIDADE: CLAUSURA E ABERTURA AO MUNDO

Diz-se que a geração da mãe de Clara foi de peregrinações e de uma vida cotidiana e a de Clara foi de religiosidade ancorada em uma só cidade.

 A cidade se converte em um horizonte englobado, onde se encerra a vida de um indivíduo com novas formas de vida religiosa que buscam a perfeição evangélica; não se trata de comunidades fechadas em si mesmas, exilando-se feudalmente, senão que se entregam à oração e o trabalho cultural, na pregação e diálogo com a gente da cidade.

Ao passar do tempo esta vida religiosa opta por viver em comum, trabalhando com suas mãos e se dedicam às obras de misericórdia. A  vida da cidade exige o trabalho e a assistência aos pobres e enfermos.  Devido a isto se dão formas de vida de espiritualidade e oração; ou seja,  nasce o  anacorismo urbano.

As mulheres que viviam na solidão e na oração em um lugar retirado, no  séc. XIII vivem, ao contrário, dentro da cidade ou em um lugar exilado porém próximas a um centro habitado.  Este enclausuramento e ex do mundo se faz eficaz aos olhos dos concidadãos, pela sua intercessão e testemunho.  Neste século se dão dois tipos de vida: uma mais forte por inclinar-se à oração e contemplação e a outra de uma busca de novas formas de apostolado ativo que põe de exemplo  Marta e Maria, ao chamar vida ativa e contemplativa.

ORIGINALIDADE DA EXPERIÊNCIA DE SÃO DAMIÃO

Algo original é o enfoque que Clara  deu ao problema da clausura.  Em seus escritos aparece bem pouco este tema, pois sua vida se realiza a partir de uma semelhança eremítica, onde estas irmãs seguem ao pé da letra o preceito evangélico de  “buscar primeiro o Reino de Deus e sua justiça”, que acontece  na  vida de oração, no escondimento e na separação do mundo.

Clara, assim  como Francisco, busca uma comunidade aberta que não tenha barreiras e seu horizonte é muito amplo, por isso se pode dizer que espiritualidade de “trancamento” jamais se introduziu em São Damião.

A  clausura não é vista como um valor em si mesma. Clara descobre a clausura interior, seguindo o exemplo da Mãe de Jesus, que  tudo guardava em seu coração. Clara falava da “casa” como “claustro” que contém o Senhor Jesus, não uma casa de pedra senão do corpo de cada irmã, vendo também a virgindade não em sentido de solidão, senão de dilatação do próprio corpo e da vida que acolhe  e se doa ao Senhor.

O escondimento e a boa reputação eram características da comunidade de São Damião, Em sua Santa Regra Clara fala das portas e grades que devem existir numa comunidade de clausura, porém age com muita sabedoria, ao dizer que as saídas poderão acontecer por motivo necessário, manifesto e justo, ficando a critério da Abadessa decidir a respeito.

 Clara pede o silêncio desde completas até tércia, durante   todo o tempo, na capela, no dormitório e no refeitório quando se toma a refeição; porém a todo momento pode-se falar baixo e brevemente, o que for necessário, sem precisar recorrer a gestos e sinais;  mas na enfermaria se pode falar sempre para animar às enfermas e fazer-lhes o dia mais agradável. 

UMA MULHER DE PENITÊNCIA

Em São Damião não só se tece, limpa, cose, cultiva, senão que existe um trabalho central : a oração assídua, tanto pessoal como comunitária, através da recitação dos salmos da Liturgia das Horas, (conforme o fazem os Irmãos Menores), que marcam o ritmo da jornada em São  Damião.  Dizem as testemunhas que Clara exorta a viver em oração contínua de dia e de noite e sempre desperta-as para o louvor da meia noite, com cuidado e caridade. Sua oração se realizava entre lágrimas e prostrada em terra e era sempre prolongada após os Ofícios de Sexta, Noa e de Completas.

Recomenda que a oração seja recitada e não cantada, e as que não sabem ler rezem os Pai -Nossos.

O  motivo pelo qual Clara proíbe o canto é devido à exortação de Francisco que pede que se diga o oficio com devoção a Deus e não se distraiam pensando na melodia da voz, senão da consonância de alma, de maneira que a voz sintonize com a alma e a alma com Deus. 

A oração era tão experimentada por Clara que, ao sair dela resplandecia seu rosto e se lhe via mais claro que o sol.  Por isso foi chamada a mulher de oração que não deixa de falar com Deus e se abandona inteiramente àquele que por nós se entregou totalmente.

Toda esta vida pessoal e comunitária dedicada à oração tem outras expressões externas que são o jejum, mortificações e penitência que é sinal claro de santidade, por isso se deve mortificar a carne.  Contudo, no Novo Testamento penitência é conversão e mudança interior. Durante séculos se tomou mais o sentido de mortificação e não o de conversão.  As práticas de penitência de Clara, segundo o  Processo de Canonização, assemelham-se às de seu tempo e às que viviam as mulheres da Europa. Essa era a classe de espiritualidade feminina que se desenvolvia a começos do século XIII. A visão de Cristo crucificado gerava o desejo de imitá-lo e de compartilhar de seus sofrimentos corporais.  Por isso, o sofrimento chega a ser um valor, a penitência leva a extremos.  Clara foi tentada por este rigor, porém, Francisco trata de ajudá-la e lhe pede que cuide de seu corpo que é um louvor de Deus, por isso, lhe priva muita penitência.

Clara e Francisco, nos ensinam que as penitências não  devem ser buscadas, basta afrontá-las com um coração pobre que não se preocupa de si que sabe compadecer-se com o crucificado e com os que passam necessidade.

Ao término desta vida de penitência Clara tem um coração alegre, a ponto de dizer, quando próxima de sua morte: “ Vós, Senhor, sede bendito porque me criaste”.  Apesar das dificuldades materiais e espirituais nunca deixou de ser alegre tanto exterior como interiormente.  Esta alegria também é tomada da experiência e ensinamento de Francisco que a descobre desde o Evangelho. Por isso a alegria fica colocada à base da comunidade de São Damião,  e foi uma atitude constante que Clara quis comunicar a todas as Irmãs  próximas e as distantes.  A penitência e a pobreza, jamais são para Clara e Francisco o fruto de renúncia e de sacrifício, senão que são momentos da imitação de Cristo na qual  encontram sua plenitude, sua alegria e seu gozo espiritual.

A TEOLOGIA DE CLARA

É uma teologia buscada na reflexão, na fé, que se experimenta na meditação e na contemplação assídua e constante do Esposo e seus Mistérios.

O espelho tem o significado de assemelhar-se ao outro. Clara em seu Testamento, descreve para suas Irmãs presentes e futuras a vocação, a vida fraterna em comunidade e pede que se reflitam no Senhor que é modelo e exemplo. Clara recomenda descobrir e fixar nele o olhar,  Cristo como num “espelho”.

A palavra “espelho, significa ser como Cristo; aparece mais em suas cartas onde ela pede às irmãs que coloquem a mente no espelho da eternidade.

Reflexar-se no espelho Cristo é para Clara uma atitude de vida na qual se pode captar melhor os rasgos fundamentais.  Este titulo reflete com maior amplitude o pensamento teológico de Clara.

Outro título é o de Santíssimo e Amadíssimo Menino, qual foi visto pelas Irmãs nos braços de Clara. Testemunham que este era muito formoso. Clara sempre uniu estas duas devoções; Eucaristia e a Encarnação de Jesus Cristo, que caracterizam a piedade popular de começos do s. XIII, em São Damião sempre se professara a devoção a Jesus Menino.

Clara, depois de  enferma na cama, , diz à irmã Felipa que na noite de Natal, não podendo levantar-se para rezar o ofício na capela, as Irmãs se foram, como de costume e a deixaram só,  mas ela se pôs a orar ao Senhor. No momento começa a escutar a oração  do ofício, pois o  Senhor lhe concedeu participar em suas orações..

Estes relatos são tomados por Tomás de Celano e os amplia ainda mais, por isso, devido a estes relatos Pio XII em 1958, a proclama patrona da televisão. Percebemos que o único que as Irmãs buscam é destacar a importância que tinha para ela a devoção ao nascimento de Jesus.  Não podemos esquecer a Cristo crucificado, onde se descobre a espiritualidade de Clara, que se refletia  em gestos de penitência que envolviam a toda a comunidade. O anelo de fazer presente a paixão do Senhor o aprende Clara do ofício da cruz tal como o havia composto o amante da cruz Francisco.  Ambos buscam ser imitadores das dores de Cristo paciente.

Aqui se pode descobrir o coração da espiritualidade franciscana.  Clara vai mais além. Ademais de rezar o ofício da paixão escrito por Francisco, vive em penitência e reza as orações das cinco chagas para fazer presente os sentimentos que Cristo viveu no Horto das oliveiras e no Gólgota e ora com as mesmas palavras que teve Cristo em seus  lábios e em seu coração.

O original de Clara o encontramos em suas cartas onde trata um tema e é o das Bodas Místicas da alma com Deus. Clara anima a Inês a seguir seu Amado, pelo qual decidiu renunciar às pompas da terra e a casar-se com o homem mais importante para unir-se ao melhor dos esposos como o é o Senhor dos Senhores.  Ademais para Clara o martírio é sinal da esposa de Cristo, por isso anela ir a Marrocos a dar sua vida para anunciar a Cristo e dar testemunho de sua fé se é possível dar o sangue por anunciá-Lo.

O tema das bodas místicas não se pode esgotar sem antes aludir a María que sempre esteve unida a seu Filho em cada momento de sua vida.  Ao referir-se Clara a Inês como esposa, mãe e irmã é por ter presente a María porque a virginidad é condição de fecundidade humana e espiritual. Também, na espiritualidade de Clara o  nome de María vai assosciado à  pobreza.

Por isso, a regra conclui convidando a observar sempre o santo evangelho, perseverar na fé católica, na pobreza e na humildade do Senhor Jesus e sua Santíssima Mãe, em uma palavra os temas que tem ajudado a descobrir a teologia de Clara são: pobreza, humildade de Cristo Menino e do Crucificado, as bodas místicas, a maternidade espiritual.

CLARA ALTER FRANCISCUS

Clara sempre lutou por imitar a Francisco tanto em suas atitudes exteriores como  interiores, por isso, ao passo dos anos por este amor e anelo é chamada ” alter Franciscus”; por ser tão semelhante a ele  sua contínua transformação.  Devido a isto teve que lutar ante as incompreensões e obstáculos que o mundo  pôs à sua comunidade.  O que mais causa assombro é que apesar destas dificuldades o cardeal Hugolino ( futuro papa Gregório IX) não duvidou em escrever, a ela e à sua comunidade. para encomendar-se a suas orações. Quando Francisco morre, por sua amizade com ele não duvida em canonizá-lo emm 1228. No mesmo ano aproveita para visitar as damianitas e dialoga com Clara, a anima para que aceite ter posses e rendas que assegurem seu sustento. Clara se nega pois se sentia obrigada na sua opcção pela pobreza que prometeu solenemente a Deus. O pontífice, por seu amor paternal lhe diz que a pode dispensar de tal voto A resposta de Clara é, “Nequaquam a Christi sequela in perpetuum absolvi desidero”. “Absolvei-me de meus pecados, nunca desejo ser dispensada do meu voto de seguir o Cristo Pobre».

Devido às dificuldades luta para que lhe confirmem por escrito o Privilegium Paupertatis, o qual Inocncio III aprova só por palavra. Contudo, o dia 17 de Setembro Gregório IX o aprova como um documento.

FRENTE  À BULA ” QUO ELONGATI”

Nesta Bula, durante o governo de Frei Elias, o papa Gregório IX diz que o Testamento de Francisco já não tem força por si próprio. Conserva íntegro o programa de vida de Francisco, mas o ameniza. Este foi um golpe doloroso para os frades zelantes.

Aqui se nos diz que, em pouco tempo a Ordem dos frades cresce sem medida e se dão capítulos que mudam muitas das coisas que Francisco lutou para  que se vivesse; pelo mesmo se dão divisões porque alguns queriam viver mais com possessões e outros não. Se diz que isto também o deveu sofrer Clara já que tinham irmãos que trabalhavam com elas a pedir esmolas para seu sustento, outros na assistência espiritual. Esses Frades são os que lhe querem tirar de Clara e suas Irmãs, por isso, ela diz que se lhes tiram os irmãos que as alimentam  espiritualmente, que lhes tirem também os que as alimentam materialmente. Porque se lhes tiram o alimento que dá vida eterna de que lhes serve viver só humanamente?

Também se fala da amizade de Clara com os irmãos, porém, Tomás de Celano e outros biógrafos não escrevem nada acerca do relacionamento de Francisco e Clara. Não se pode duvidar já que Clara  menciona os conselhos e exortações que Pai Francisco lhes deixou, tais como o de não apartar-se delas, ademais, ao descrever sua vocação menciona os diálogos que teve com ele, inclusive quando estava no mosteiro das beneditinas as quais temiam e se preocupavam de suas visitas.

Finalmente, Clara se acha em meio de uma cultura onde as visões e profecias são sinal certo da vontade divina. A  visão com que dá a conhecer a autoridade espiritual que  revestia a amizade e o afeto que  a ligava a Francisco porque lhe havia transmitido seu espírito. Nessa mesma visão Clara interpreta o sonho da escada,  onde Francisco lhe dá de mamar «de sua grande mama»: algo doce e grato que não se pode expressar… a explicação é que, provavelmente  Clara cuida de Francisco em seus últimos dias já que sua enfermidade é grave e o mamar, significa que ele sempre a alimentou de pão, e, acima de tudo, do pão espiritual, como sua plantinha espiritual, mudinha de sua espiritualidade no mesmo ideal. Ela, por sua vez, imitando-o em tudo e não deixando de ser fiel ao prometido naquele Domingo de Ramos.

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