A Ordem

A Ordem de Santa Clara foi fundada nos inícios do século XIII, em Assis, na Itália. Ela nasceu da inspiração do Senhor ao Bem-aventurado Francisco para viver na Igreja segundo a forma do santo Evangelho. Santa Clara, plantazinha do Pai Francisco, participante desta vocação no-la transmitiu. Por isso a nossa Família, que com razão é chamada a Ordem de Santa Clara, ou também, Ordem das Irmãs Pobres e que forma a segunda Ordem franciscana, consagrando-se inteiramente à vida contemplativa, professa a observância do Evangelho segundo a Regra confirmada por Inocêncio IV ou por Urbano IV, respectivamente.

A vida segundo a perfeição do santo Evangelho, que constitui a índole própria da nossa Ordem, é, para São Francisco e Santa Clara, a própria pessoa de Jesus Cristo, que nos chamou e deixou o mandato de O recordarmos. Neste mesmo sentido, o Santo Padre o Papa Bento XVI em sua visita ao Brasil falou às filhas de Santa Clara: “Francisco e Clara de Assis propõem aos seus filhos e filhas uma só coisa e bem simples: viver o Evangelho. Esta é a sua norma de conduta e sua regra de vida. Clara o expressou muito bem quando disse à suas irmãs: ‘Tende entre vós minhas filhas, o mesmo amor com o qual Cristo vos amou’”. O mesmo Santo Padre, quando cardeal, assim se exprimiu às irmãs do Proto Mosteiro em Assis: “A vida de Santa Clara não é “privatização” do cristianismo, não é se retirar em um individualismo, em um comodismo religioso. A vida de Santa Clara dá o início de todo renovamento verdadeiro. Viver a Palavra até o fim, sem reservas e sem comentários é o ato no qual se abre a porta do homem a Deus. O ato onde fé torna-se caridade, onde a Palavra, o Senhor, se torna presente entre nós. Portanto a Forma de Vida da Ordem das Irmãs Pobres que São Francisco instituiu, é esta: ‘Observar o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem nada de próprio e em castidade’, pois com Francisco, o Espírito do Senhor suscitou também Clara, e tanto para Clara como para Francisco, sua vocação e missão é a  de viver o Santo Evangelho, pois só assim poderão dar glória ao Nosso Pai celestial em toda a sua Santa Igreja, formando um bloco de pedras vivas, sendo exemplo e espelho uns para os outros, e juntos, para o mundo”.

 Com o decorrer dos anos, novos mosteiros foram fundados e, atualmente, se encontram as filhas de Santa Clara nos cinco continentes, unidas pelo o mesmo ideal de seus fundadores: unir-se, pela vida contemplativa, mais intimamente a Deus, falando-lhe, “pela oração”, a respeito dos homens, enquanto a Ordem dos Frades Menores e aqueles que se consagram mais especificamente ao apostolado, falam aos homens a respeito de Deus.

Crescendo paralelamente à Ordem dos Frades Menores, com a mesma força de expansão e a mesma seiva inesgotável, enfrentou, de igual forma, as mesmas vicissitudes à “altíssima pobreza” – característica primordial da família seráfica.

 Em 1260, havia três Regras em pleno exercício: a do Cardeal hugolino, sucessivamente retomada por Inocêncio IV e Alexandre IV, a de São Francisco (1224) e a de São Boaventura, aprovada por Alexandre IV. As diferenças se acusavam até nas denominações dadas às religiosas. Visando estabelecer a unidade, Urbano IV sancionou, em 1263, novas Constituições obrigatórias para todas as comunidades em que não vigorasse a Regra de 1224. Estabeleceu que todas as religiosas recebessem indistintamente o nome de Irmãs de Santa Clara, ainda que a Ordem ficasse constituída por dois ramos distintos, canonicamente reconhecidos: as Clarissas ou Pobres Clarissas, segundo a letra e sem mitigação da Primeira Regra ou Regra de 1224 e as Clarissas Urbanistas que adotam a Segunda Regra, isto é, as Constituições de Urbano IV.

No século XV, o Instituto foi reformado ou, para dizer melhor, reconduzido à primeira observância por Santa Coleta, natural de Corbie que, num movimento de renovação e atualização, traçou Constituições particulares, adaptando à sua época a Regra de São Francisco e fundando inúmeros mosteiros que motivaram um grande desenvolvimento da Ordem.

 Em 1540, Madre Maria Longo fundou em Nápoles um mosteiro de clarissas sob a jurisdição dos Frades Menores Capuchinhos e deu às suas filhas Constituições distintas que são a equivalência das de Santa Coleta.

 Na verdade, a árvore plantada por Santa Clara, estendeu seus ramos abrangendo tempo e espaço. Inúmeras santas surgidas em seus ramos, constituem a prova irrecusável de sua fecundidade e o fundamento de sua verdadeira grandeza. Os movimentos de renovação surgidos em épocas diferentes foram quais estações primaveris a provocar o renascer da vida que, muitas vezes, as intempéries hibernais tentavam adormecer.

O ideal de Santa Clara permanece, pois o Evangelho em que se fundamenta, o pereniza. O chamado de Cristo é sempre atual e sua mensagem é imutável: é a fonte onde os homens de todas as épocas irão dessedentar-se, na busca de uma água viva e que jorra para a vida eterna.

Na metade do Século XX, encontrava-se cerca de 600 mosteiros de clarissas espalhados pelo mundo e 19.000 monjas aproximadamente, procuravam tornar presente a promessa que Clara fez em seu nome e em nome das irmãs que a iriam suceder na mesma forma de vida.

Seguindo as diretivas do Vaticano II e as normas e diretrizes dos decretos e instruções conciliares, fiéis à Igreja Romana e orientadas pelos Frades Menores, as filhas de Santa Clara procederam à renovação adaptada de seus mosteiros.

Em 1966, foi auscultado, através de uma circular emitida pela Cúria Generalícia da Ordem dos Frades Menores, o parecer de todos os mosteiros. Recebidas as numerosas respostas, oriundas de todo o mundo, foi organizada em Roma uma Comissão de Monjas, representantes de diversas línguas e nações. Como representante dos Mosteiros de língua portuguesa, participou desta Comissão, Irmã Maria Cecília Leite Costa, pertencente à comunidade do Mosteiro de São Damião em Porto Alegre. Reunidas no Mosteiro de Santa Clara, na Via Vitellia, ordenaram, apuraram e ficharam os 1264 documentos. Tal trabalho serviu de fundamento à elaboração das novas Constituições.

Aprovadas pela Santa Sé, foram adotadas por todos os Mosteiros do Brasil.

Segundo estatísticas de 2007, são aproximadamente 18.000 Clarissas espalhadas por 900 mosteiros em todo o mundo. Revivem no coração da Igreja o ideal de Francisco e Clara de Assis.

Compartilhe:

Share on facebook
Share on twitter
Share on tumblr
Share on pinterest
Share on email

Mais Artigos: