Beata Maria Madalena Martinengo

(1687-1737)
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Nasceu a 4 de outubro de 1687 em Bréscia. Filha do Conde Leopardo III, da nobre família Martinengo de Barco, e de Margarida Secchi, dos Condes Secchi de Aragão, parente de São Luís Gonzaga. Nasceu a 4 de outubro de 1687, acolhida com grandes manifestações de alegria, mas também de preocupações e sérias apreensões, pois a pequena era tão débil, que se chegou a pensar que morresse em breve.

No batismo recebeu o nome da mãe Margarida. Superou a crise e cresceu bem, mas a mãe definhou lentamente e faleceu a 2 de abril de 1688. A pequena cresceu melancólica e pálida. Somente com a idade de cinco anos, seu rostinho ficou corado, indicando o frescor de sua saúde,ficando órfã no primeiro ano de vida.  Educada por Isabela Marazzi, fina educadora, que lhe ensinou as letras, até o latim, mas sobretudo, lhe ensinou o temor do Senhor. Com sete anos, já fazia suas mortificações.

Aos dez anos entrou num colégio de Santa Maria dos Anjos, onde foi recebida pelas tias, com festa e muito carinho, para uma educação mais adequada ao seu alto nível social. Fez sua primeira comunhão. Em 1699, passou um tempo no Mosteiro Beneditino do Santo Espírito, onde tinha duas tias, para aperfeiçoar sua educação. Com treze anos fez o voto de virgindade. Experimentou, desde então, uma aridez espiritual que durou muitos anos. O pai quis um bom casamento para a filha e os irmãos a vestiram elegantemente para apresentá-la à sociedade. A escolha para as Capuchinhas aconteceu depois de uma visão.

Sua vida é toda extraordinária. Mandou chamar o pai, e então começou a grande luta. Tinha dezessete anos. Rica, nobre, inteligente, culta e de uma beleza incomparável, com perspectivas de um futuro brilhante, foi obrigada a entrar em contato com a sociedade de alto nível. Para dissuadi-la o pai levou-a a viajar por todas as cidades italianas. Os lugares lindíssimos, panoramas maravilhosos, as igrejas a impressionaram bastante; e de fato, a luta recrudesceu, a ponto de quase ceder à sua decisão. Em Veneza, obrigada a visitar famílias ricas, recebeu mais ofertas de casamento. Para dificultar ainda mais, morava na casa do tio, inimigo de qualquer vocação religiosa. Numa noite, enquanto estava em seu aposento, após voltar de uma festa, pegou a caneta e um papel, para escrever ao pai, pedindo que aceitasse o seu pedido e sua resolução. Mas uma dama de honra lhe notou algo de insólito e lhe disse para rezar e esperar, antes de tomar aquela decisão.

A luta foi dura, mas enfim a graça venceu, e o pai concedeu-lhe a suspirada permissão.  Preparou-se com um retiro prolongado e entrou no Mosteiro de Clarissas de Santa Maria das Neves em Bréscia no dia 8 de setembro de 1705. Ao romper do dia, acompanhada de algumas damas de honra, e apesar da hora incômoda, com muito povo  nas ruas, que tinham acorrido para ver pela última vez a filha do Conde Martinengo. Admitida no Mosteiro de Capuchinhas de Bréscia em 1705, entrou com o coração ainda perturbado, e imediatamente seguiu-se o ato da vestição, pelo qual a linda jovem recebeu com o hábito o nome de Maria Madalena.

Muito duros foram os primeiros meses para ela, atormentada por aquela vida retirada e austera, pela qual não sentia a mínima atração e gosto. Chegou a pensar que tinha errado a vocação. Pensava constantemente naquele jovem de Veneza que tanto a atraía. Foi tentada contra a misericórdia de Deus e sua bondade. E essas tentações na clausura, aumentaram em violência e força. Como se isso não bastasse, teve que enfrentar a incompreensão do confessor, pouco esperto nos misteriosos caminhos das almas privilegiadas. Dele nunca recebeu conselhos que a tranquilizassem. Só aumentavam suas angústias.

A mestra de noviças era de caráter duro e de uma severidade exagerada. Na infundada convicção de que Madalena guardasse no coração sentimentos de orgulho, por sua nobre origem, e seu comportamento reservado, humilde, recolhido, pontual a todos os atos da comunidade, fosse sugerido pela ânsia de por-se em evidência, e mostrar-se superior às outras, infligiu-lhe contínuas mortificações e humilhações. Madalena, disposta a antes morrer do que transgredir uma só prescrição da Regra, nas prolongadas horas de oração à noite, chorava e prometia a Jesus sua fidelidade, redobrando de penitências para obter perseverança.

No fim do ano de provação, a mestra de noviças apresentou um relatório no Capítulo, demonstrando a não idoneidade de Madalena para a vida religiosa, dizendo que ela entrou no Mosteiro por capricho, que não tinha vocação e que deveria ser despedida e devolvida à casa, caso contrário, tornar-se-ia a ruína do Mosteiro. Esse tal relatório provocou o consentimento de toda a comunidade. Por um jogo inexplicável da Providência Divina, a votação foi unânime em favor de Madalena.

As monjas admiradas, comentavam depois que no momento da votação sentiram-se impelidas a colocar o voto favorável movidas por uma força irresistível. Sua profissão foi a 8 de setembro de 1706. Sua promessa a Jesus foi o enterro de sua vontade, que a pregou aos pés do Crucificado para sempre. O propósito foi mantido sempre. Foi mestra de noviças e Abadessa. Deixou muitos escritos espirituais e distinguiu-se por seu amor a Jesus Crucificado. Sua morte ocorreu no dia 27 de julho de 1737, consumida pelo amor de Jesus.

Por causa dos acontecimentos políticos sua causa de beatificação iniciada em 1757 só foi retomada em 1890, sendo beatificada a 8 de junho de 1900, por Leão XIII. Sua festa é celebrada no dia 27 de julho.

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