São Boaventura de Bagnoreggio, no prólogo da “Vita beati Francisci”, que é a chamada Legenda maior, diz, referindo-se a São Francisco: “E, portanto, afirma-se com razão que ele é simbolizado na figura do anjo que surge do oriente e traz em si o selo do Deus vivo, como descreve o outro amigo do esposo, o apóstolo e evangelista João em sua profecia verdadeira. De fato, João diz no Apocalipse, no momento da abertura do sexto selo: Vi então outro anjo subir do oriente, que trazia o selo do Deus vivo” (Ap 6,12; 7,2) “(FF 1021-1022 ).
O frade provençal Pietro di Giovanni Olivi testemunha que ele mesmo ouviu durante o capítulo geral dos Frades Menores de 1266, em Paris, Boaventura dizer explicitamente que o Santo de Assis é o anjo do sexto selo anunciado no Apocalipse. Esta identificação não foi difícil, pois São Francisco tinha os estigmas e neles se reconhecia o selo do Deus vivo trazido pelo anjo.
Tudo isso foi retratado na igreja inferior da Basílica de São Francisco de Assis, logo acima do altar sob o qual o Santo está sepultado: de fato, enquanto as velas retratam o Assisiense como modelo de pobreza, obediência, castidade e glória, os mesmos símbolos apocalípticos estão espalhados por toda parte, incluindo um anjo segurando os estigmas em suas mãos.
Se frei Francisco no Testamento indicou fazer da misericórdia um momento decisivo para sua mudança de vida, essa leitura teológica de sua história não distraiu os frades de seu compromisso com as realidades terrenas, mas os envolveu mais e mais.
