Os dias de 17 a 23 de dezembro formam, dentro do tempo do Advento, o período de preparação para o Natal do Senhor. Segundo uma antiga tradição da Igreja, que remonta aos séculos VII e VIII, nestes dias, os cristãos são convidados a recitar as Antífonas Maiores, conhecidas como Antífonas do Ó.
Estas antífonas são aclamações a Cristo precedidas pelo vocativo “Ó”. Constituem um resumo da teologia do Advento: expressam o desejo de salvação da humanidade e a expectativa pela vinda de Jesus Cristo, invocado com títulos messiânicos do Antigo Testamento. Atualmente, a Igreja propõe estas antífonas na Liturgia das Horas, acompanhando o Cântico Evangélico das Vésperas, o Magnificat (Lc 1, 46-55), bem como na aclamação do Evangelho da Missa.
Em seu conjunto, as antífonas são um acróstico: a primeira letra de cada antífona em ordem inversa no original em latim (Emmanuel, Rex, Oriens, Clavis, Radix, Adonai e Sapientia), forma a expressão latina “ERO CRAS”, isto é, “estarei amanhã”, ou “virei amanhã”. Mais uma vez, as antífonas recordam a expectativa pela iminente vinda do Senhor.
MEDITAÇÃO: Cristo é força e sabedoria de Deus (1Cor 1,24). O profeta Isaías quando descreve os dons que o Espírito do Senhor concede ao Menino, ao Emanuel (Deus conosco), coloca em primeiro lugar o espírito de inteligência e sabedoria (Is 11,2). Quem é sábio age com prudência (1Rs 3,9.12). Na espera amorosa do nascimento, pedimos a Deus Pai que possamos descobrir, nos ensinamentos de seu Filho, a prudência como o dom de sua sabedoria infinita, a guiar-nos em nossas ações.
MEDITAÇÃO: Adonai, isto é, Senhor, é o nome santo de Deus, o libertador (Ex 6,6; Dt 16,5-9). O salmo 130 proclama a esperança de quem confia na vinda do Senhor (5-8). Para os cristãos esta espera é uma realidade. O Senhor veio e ofereceu sua vida para o resgate de todos. Jesus, o Emanuel, o Deus conosco nos acompanha em todas as situações de nossa vida.
MEDITAÇÃO: Segundo a promessa, o Messias pertenceria à dinastia de Davi, cujo tronco é Jessé (2Sam 7,5ss), o qual brotará (Is 11,1). O Menino Jesus, para cumprir a profecia, nasceu “em Belém da Judeia”, a cidade de Davi (Mt 2,5-6; Mq 5,1). Ele vem ao nosso encontro para nos salvar, libertando-nos sem demora.
MEDITAÇÃO: A chave é símbolo do poder com autoridade (Is 22, 22). O Messias, Jesus de Nazaré, recebeu do Pai todo o poder no céu e na terra (Mt 28,18; Ap 1,18); em suas mãos estão “as chaves do Reino” (Mt 16,19). Ele tem em suas mãos a “Chave de Davi” (Ap 3,7) e anuncia, ainda hoje, a liberdade aos cativos (Lc 4,18).
MEDITAÇÃO: A profecia anunciou que Deus mesmo seria a Luz do seu povo (Is 60,19-20). E nós, hoje, vivendo em meio às trevas do mundo, da confusão de valores e ideais de nossa época, pedimos que o esplendor da luz, que irradia o Presépio, penetre na obscuridade do mundo, para que todos os homens e mulheres se beneficiem desse resplendor divino, que é Jesus Cristo. Sim, “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz!” (Is 9,1).
MEDITAÇÃO: Os salmistas cantam frequentemente a realeza do Senhor (Salmos 24; 47; 96; 97; 98; 99); os profetas anunciam que o Menino será o “Príncipe da paz”, e estenderá seu poder assegurando a paz, porque seu reinado se consolidará no direito e na justiça (Is 9,1-6). Ele é o Rei que assumiu nossa fragilidade humana, elevando-a, fazendo-nos, pelo mistério de sua Encarnação, Morte e ressurreição, participantes de sua natureza divina! Assim, o Rei é, ao mesmo tempo, o bom Pastor!
MEDITAÇÃO: Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa: “Deus está conosco” (Mt 1,22-23; Is 7,14). O Menino, o Jesus de Nazaré, é a definitiva presença de Deus, que responde realmente ao nome de Deus-conosco. Ele é nossa Esperança e nossa Salvação!
Fonte: franciscanos.org.br