27ª Assembleia Geral da UCLAF é realizada em São Paulo

Com o tema “Construindo o Caminho Sinodal como Frades Menores”, foi realizada a Assembleia de 23 a 27 de janeiro
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São Paulo (SP) – Com o tema “Construindo o Caminho Sinodal como Frades Menores”, foi realizado entre os dias 23 e 27 de janeiro, a Assembleia da União das Conferências Latino-americanas Franciscanas (UCLAF), no histórico Convento São Francisco, na região central de São Paulo. Este evento, que volta a ser presencial depois de três anos, reuniu um total de 40 frades, entre Ministros Provinciais e Custódios, o Ministro Geral Frei Massimo Fusarelli, o Vigário Geral Frei Ignacio Ceja Jiménez, e nove Definidores Gerais.

“Esperemos que a palavra sínodo não se torne um slogan sem significado”, pede Ministro Geral

São Paulo (SP) – “O caminho sinodal é para nós oportunidade de nunca se cansar de aperfeiçoar o carisma, em todas as suas dimensões”. A orientação partiu, nesta terça-feira, 24 de janeiro, do Ministro Geral, Frei Massimo Fusarelli, aos Ministros Provinciais e Custódios presentes na Assembleia Geral da União das Conferências Latino-americanas Franciscanas (UCLAF), em andamento no Convento São Francisco, no centro de São Paulo.

“No caminho sinodal, tendo em vista o Capítulo das Esteiras de 2025”, foi o tema desenvolvido pelo Ministro Geral.

Segundo Frei Massimo, o carisma não é um depósito abstrato e intocável, e nem sequer a soma de fatos e de obras. Não é possível fixá-lo definitivamente nos textos e nas constituições. “É um dinamismo mais profundo, que atinge a todos os envolvidos, e é tal que não pode ser domesticado. O carisma é fruto do Espírito e, por isso, não pode ser fixado e armazenado em um ninho, mas vive graças a uma transformação e conversão contínua, que nos enraíza sempre mais no essencial que é Cristo”, explicou o Ministro Geral.

“A questão fundamental hoje, para nós, é se percebemos o carisma como o horizonte e referência da nossa vida em missão e se esse é realmente e existencialmente compartilhado”, disse.

Para Frei Massimo, é vital perguntar-nos se estamos prontos para escutar a realidade, o carisma, a Palavra de Deus, a vida dos irmãos, a fim de discernir a quais características do carisma nos abrirmos hoje. “Assim como toda instituição, nós também tendemos a nos autoconservar, e as nossas estruturas, de todo tipo, frequentemente nos levam, de modo aparentemente inevitável, a esse movimento”, acrescentou.

Segundo ele, o caminho sinodal quer nos ajudar a crescer na comunhão, graças à qual todos aprendemos a participar no projeto comum de vocação em missão, sobretudo repensando, com modelos mais ágeis, em nossas estruturas de organização, de governo e de animação. “Pensamos, de modo particular, na realidade de não poucas Províncias históricas que estão morrendo ou que já chegaram a um ponto sem volta por causa dos números e da idade média. Como podemos, enquanto Fraternidade Internacional, não somente ‘tapar os buracos’, mas repensar os modelos com os quais nos organizamos, e repensar a rede de presenças, de modo que se viva mais autenticamente o estilo evangélico”, disse. “Acredito que o objetivo mais importante seja justamente aquele de saber olhar para o futuro com olhos novos, antecipando o que acontecerá e reconhecendo o que já somos chamados a repensar”, ensinou.

Este espírito não é fácil de cultivar e aprofundar, observou Frei Massimo. “Aliás, aquilo que é positivo e os pontos críticos que encontramos entre nós não dizem, quem sabe, que o carisma é o coração da nossa vida em missão, para ser vivida como irmãos? Isso é dito na vontade de fazê-lo e nas dificuldades de realizá-lo. Em primeiro lugar, penso no bem que continua a crescer entre nós, sobretudo graças aos irmãos que não desanimam e cultivam o ‘sonho’ franciscano, que buscam o Senhor, cuidam dos irmãos, permanecem junto dos pobres, alimentando a paixão pelo testemunho do Evangelho”, emendou.

Frei Massimo lembrou aos Ministros e Custódios que, vivendo na América Latina, eles têm uma vasta experiência no exercício da sinodalidade, sobretudo a partir do crescimento da renovação conciliar. “Vocês experimentaram de diferentes modos, em vários países, o crescimento da Igreja nas comunidades eclesiais de base, bem como o incremento da projetação participativa que leva a tomar decisões através de organismos de participação como os conselhos e as assembleias pastorais.  Vocês têm a experiência de uma Igreja de “comunhão e participação”, realidade que continua, apesar do crescimento de diferentes correntes, não excluídos certos tradicionalismos de vários tipos também entre os católicos”, recordou.

Frei Massimo Fusarelli

Para ele, essa herança deve ser renovada, especialmente para as jovens gerações que não têm memória do evento conciliar e correm o risco de sentir nostalgia de um modelo de Igreja que nunca conheceram. “Penso também no confronto com as comunidades evangélicas e pentecostais de vários tipos, que agora constituem uma grande realidade e que nos interpela de várias maneiras”, disse.

Frei Massimo destacou a ajuda dada pelo Sínodo da Amazônia, que alcançou uma ressonância internacional para toda a Igreja por causa de alguns de seus aspectos e também pelo surgimento de uma consciência planetária, que está nos ensinando a colocar em uma relação diferente aquilo que é geral com aquilo que é local; a acolher melhor a inter-relação das igrejas locais, junto a tantos outros fenômenos desta nossa época, como a crise ecológica, a interdependência dos mercados, da tecnociência, especialmente a robótica e a informática, bem como a estratégia militar, a política e a espiritualidade.

“Consequentemente, assumir o Projeto Amazônia como UCLAF, com um compromisso real por parte das entidades para continuar e fortalecer a presença franciscana na Amazônia brasileira, é algo que vai além de uma nova missão a ser assumida. Se disso somos plenamente conscientes, trata-se de empreender uma missão compartilhada a partir de uma escolha estratégica, que hoje se configura na Amazônia. Assumir uma região local, sem limites que seja, com todas as suas particularidades, significa reconhecer que ali há uma palavra para todos. Podemos dizer que a Amazônia transcende a Amazônia, por dois motivos: porque se apresenta como um novo tema para a questão ecológica e porque se converte em um novo paradigma, onde podemos aceitar aprender dos pequenos, como os povos nativos, e com eles viver uma relação harmoniosa das criaturas entre si e com o Criador”, enfatizou Frei Massimo.

“Esperemos que a palavra sínodo não se torne um slogan que acabe não significando mais nada. Vamos dar-lhe nós mesmos conteúdo e força, deixando ações e nova elaboração, para nos voltarmos a gestos mais verdadeiros e incisivos. Bom caminho, irmãos! Continuemos nossa busca comum!”, concluiu Frei Massimo.


Na Missa do Envio, Frei Massimo lembra: “A memória do carisma como Frades Menores é uma fonte do futuro”

São Paulo (SP) – O Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei Massimo Fusarelli, presidiu a Missa do Envio no último dia (27/01) da Assembleia Geral da União das Conferências Latino-americanas Franciscanas (UCLAF), que desde a última segunda-feira reuniu no Convento São Francisco, no centro de São Paulo, os Ministros Provinciais e Custódios da Conferência Franciscana do México, América Central, Panamá e Haiti; da Conferência Franciscana do Brasil e Cone Sul; e da Conferência Franciscana Bolivariana, com o Ministro Geral e seu Definitório.

“Construindo o Caminho Sinodal como Frades Menores”. O tema fez parte de todas as reflexões e assuntos desta 27ª Assembleia Geral da UCLAF, que celebra 55 anos de fundação na América Latina e 500 anos da presença franciscana no México, não perdendo de vista o Centenário Franciscano, que neste ano celebra os 800 anos da Regra Bulada e o Natal de Greccio. “Agradecemos ao Senhor pelo caminho de nossa família na América Latina ao longo destes anos! Isto é o que sentimos e experimentamos durante estes dias de convivência e partilha. Mais uma vez nesta Eucaristia fomos alcançados pelo dom sublime de uma Palavra antiga e todos os dias surpreendentemente nova! É o próprio Jesus que nos fala hoje em Lc 24,44, e nos fala de coisas que devem ser “cumpridas”. O passado e o futuro se encontram num presente”, agradeceu Frei Massimo.

Frei Massimo Fusarelli

Segundo o Ministro Geral, a “memória” evangélica não é apenas a atualização do passado, mas a fonte do futuro! “A memória do nosso carisma como Frades Menores, que o Centenário Franciscano nos ajuda a revisitar, é uma fonte do futuro. Somos chamados a um esforço mais intenso para ouvir o Senhor neste tempo, para que o carisma possa ser expresso aqui e agora na América Latina, em sua ampla diversidade”, orientou o Ministro Geral.

Para Frei Massimo, o Evangelho de Lucas nos fala da Páscoa de Jesus, que é o final de um tempo antigo e é tempo da ressurreição: é o tempo novo e definitivo. É no poder da Páscoa que, em nome de Jesus, “a conversão e o perdão dos pecados serão pregados a todos os povos, começando por Jerusalém” (v.47).

Frei Massimo continuou sua exortação animando os frades no retorno a suas terras de origem: “O Ressuscitado fala a nós, seus discípulos: ‘Disso sois testemunhas” (v.48). O nosso testemunho e evangelização tornam presentes o cumprimento do Evangelho do Senhor em nosso tempo. Tornam presentes seu poder vivificador. Antes de ser uma ideia, a missão é a transparência da presença e do poder do Senhor. Não podemos fazê-lo com a nossa pequena e pobre força: ‘E eis que eu envio aquele que meu Pai prometeu, mas vós permanecereis na cidade até vos revestirdes com o poder do alto’ (v.49)”, disse.

E continuou: “Permaneçamos vigilantes na invocação deste poder do alto, para que o Espírito do Senhor e a seu santo modo de operar possam agir em nós. São Francisco nos envia em missão: LM III, 7: FF 1059 ‘Vão’, disse o Pai mansamente aos seus filhos, ‘proclamem a paz aos homens; preguem a penitência para a remissão dos pecados’. Sejam pacientes nas tribulações, vigilantes na oração, corajosos no trabalho, modestos na fala, sérios na conduta, e gratos pelos benefícios. Em recompensa de tudo isto, o reino eterno foi preparado para vós”, orientou.

“Aqueles que se ajoelharam humildemente perante o servo de Deus aceitaram a missão da santa obediência com íntima alegria. Então, ele disse a cada um em particular: ‘Confiai o vosso destino ao Senhor, e ele vos alimentará. Estas foram as palavras que ele costumava repetir quando designava um irmão para uma missão de obediência. Dividiu-os dois a dois, em forma de cruz, enviando-os para o mundo. Depois de atribuir as outras três partes às outras seis, ele próprio foi com um companheiro a uma parte do mundo, sabendo muito bem que tinha sido escolhido como exemplo para os outros e que devia primeiro agir e depois ensinar’”, encerrou Frei Massimo, desejando a todos: “Boa viagem, irmãos, com a proximidade maternal e a bênção de Francisco!”.

No final da Celebração Eucarística, Frei Massimo e Frei César Külkamp entregaram a Regra de São Francisco, que neste ano celebra 800 anos de sua aprovação, e um Tau a cada frade participante da Assembleia.

Frei Massimo viaja nesta madrugada para Lima, no Peru, onde vai visitar os frades peruanos e retorna para o Brasil, chegando na segunda-feira no Rio de Janeiro. Dali, ele sobe a serra até Petrópolis (RJ), para se encontrar com os frades da formação permanente e do tempo de Teologia. Depois visita o Espírito Santo, onde se encontrará com os frades do Regional no Santuário do Divino Espírito Santo. Dali, ele segue para Curitiba (PR), onde se encontrará com os frades deste Regional e depois viaja até Rodeio (SC), onde está o Noviciado da Província. Ali se encontra com os frades de dois Regionais catarinenses. Na sexta-feira, dia 3, estará em São Paulo, para encontro com os frades deste Regional.

O último dia foi de muitas reuniões. As Conferências do México, América Central, Panamá e Haiti e a Bolivariana se reuniram, separadamente, para estabelecer conclusões, acordos e compromissos por ocasião do de um caminho sinodal e da celebração do Centenário Franciscano e do Capítulo das Esteiras em 2025. Já a Conferência do Brasil e Cone Sul se reuniu com o Ministro Geral e o Definitório Geral. Por último foram votados e aprovados alguns pontos da agenda da UCLAF até a próxima assembleia. A Santa Missa de encerramento começou às 18h30.

Os frades também tiveram a grata surpresa de receber a visita do Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, que conversou com participantes da UCLAF e almoçou com eles.

A UCLAF é um organismo de animação da Ordem dos Frades Menores que chega à marca histórica de 55 anos de existência. Nasceu motivada pelo impulso renovador do Concílio Vaticano II para promover a unidade e a busca de colaboração na vida e na missão da Ordem no contexto da América Latina. Em todos estes anos, ela tem buscado promover a colaboração em suas presenças evangelizadoras (históricos santuários, vicariatos, paróquias, educação, comunicação, trabalho social e iniciativas missionárias) e na formação a partir do carisma franciscano.

Frei José Alirio Urina Rodriguez, presidente da UCLAF, não poupou agradecimentos à Província da Imaculada Conceição, em nome do Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, agradeceu à Fraternidade do Convento São Francisco, que acolheu 40 Ministros Provinciais e Custódios que vieram para este evento, que trouxe pela primeira vez o Ministro Geral e o seu Definitório ao Brasil. “Minha primeira atitude é de agradecimento e de fraternidade. Creio que foi um encontro valioso para os irmãos. Oportuno e necessário esse momento em vista de construir esse caminho sinodal como Frades Menores”, disse o presidente da UCLAF. Em maio de 2024, a Assembleia Geral será na Cidade do México.


Equipe de Comunicação da UCLAF

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