História da fundação do Mosteiro Santa Clara – Anápolis/GO

História da fundação do Mosteiro que comemora o Jubileu de Diamante em 60 anos de existência orante
FF23

Porque não temos cidade permanente, e por não temermos nenhuma provação, pobreza, trabalho, tribulação, humilhação e desprezo do mundo, antes, tendo tudo isso como delícias, foram as CLARISSAS  as primeiras monjas ou Comunidades contemplativas do Estado de Goiás.

Em outubro de 1961, o Superior da Província Franciscana do Santíssimo Nome de Jesus, Frei Donald Hoag, ofm., escreveu para o Mosteiro das Clarissas de Nova Iorque, comunicando seu desejo de ter, no Estado de Goiás, um Mosteiro da II Ordem de São Francisco. O pedido foi apresentado ao Capítulo e, das 40 Irmãs Professas, 30 se prontificaram a tornar-se um membro da “fundação” em terra brasileira.

Foram a humildade, a força da fé e os braços da pobreza que as levaram a abraçar as fadigas sem conta e as penas que suportariam, olhando o céu que convida a tomar a Cruz e seguir Cristo que vai sempre  a nossa frente.

Madre Maria Tereza e nove co-irmãs foram escolhidas como pioneiras, e, em 4 de julho de l962, podiam aceder ao convite feito por D. Fernando Gomes, para se estabelecerem em sua Arquidiocese. Eram elas: Madre MARIA TERESA, IR. MARIA FILOMENA, IR.MARIA JOANA, IR. MARIA CATARINA, IR.MARIA GERTRUDES, IR. MARIA BOAVENTURA, IR. MARIA LORETA, IR. MARIA JANE, IR. MARIA DOLORES e IR. MARIA REGINA.  No decorrer do mesmo mes de julho, receberam uma outra carta de Frei Celso Hayes, ofm., Delegado Provincial comunicando que lhes seria preparado um pequeno convento “provisório” ao lado da propriedade onde, mais tarde, seria construído o futuro  Mosteiro.

Recebida em 11 de outubro de 1962, a licença do Cardeal Spellman e em 21 de novembro do mesmo ano, o rescrito da Santa Sé autorizando a fundação, em 13 de janeiro de l963, realizou-se a Cerimônia da partida. Frei Harold Blake, ofm., Assistente Provincial, leu a “Carta de Obediência” autorizando o estabelecimento de um Mosteiro de Clarissas   em terras goianas, e as “missionárias”, como peregrinas e forasteiras neste mundo, se prepararam para a partida. Recebidas, paternalmente, pelo Cardeal Spellman, foram por ele abençoadas e a 15 de março de l963, viajaram para o Brasil, em um navio cargueiro dinamarquês “Estrid Torm”. Colocando o Verbo no coração e o coração em Deus, navegaram doze dias entre o mar e o céu entregando-se totalmente por amor Àquele que por amor totalmente por nós se entregou, desembarcando, ao fim de uma feliz trajetória, na cidade do  Rio de Janeiro.

Recebidas por Frei Beraldo Mc Inerney, ofm., e as Madres Provinciais Maria dos Anjos, osf., e Madre Elisabeth, spsf., dirigiram-se ao Cenáculo onde Madre  White e sua comunidade carinhosamente as hospedaram na clausura, agradecidas  ao Doador das graças, do qual procedem toda dádiva boa e todo dom perfeito.

Em ônibus viajaram para Anápolis, tendo sido carinhosamente recebidas pelo  Sr. Arcebispo Metropolitano, pelos dedicados Padres Franciscanos e Religiosas. Não estando concluído o “pequeno mosteiro”, permaneceram dois meses com as beneméritas  Irmãs Franciscanas de Alleghany, confiantes e sem se setirem envergonhadas , mas gratas, porque o Senhor se fez pobre por nós neste mundo.

Aos 2 de junho de l963, Solenidade de Pentecostes, o Revmo. Delegado Provincial Frei Celso Hayes, ofm., celebra a Santa Missa e a Comunidade entra em seu conventinho. Data oficial da fundação. Começam, então, o planejamento e os preparativos para que seja construído o Mosteiro, à Avenida Dom Prudêncio, 291, Bairro Jundiaí, [onde permanece até hoje], – bairro que, na época, era quase totalmente desabitado e sem qualquer infra-estrutura urbana. Certamente confortadas pelas palavras de nossa Mãe Santa Clara: Não se assustem filhas, Deus fiel em todas as Suas palavras e santo em todas as Suas obras, vai derramar Sua bênção sobre vocês. Completem apaixonadamente  a obra que começaram bem e dêm conta do serviço assumido na santa pobreza e na humildade sincera, pois nossa fadiga aqui é breve , eterno é o prêmio. Para o Mosteiro se transferiram em 19 de dezembro de 1965, apesar de não estarem inteiramente concluidas as obras. Em 03 de julho de 1966, realiza-se a cerimônia de Dedicação do Altar.

No decorrer desses anos, as dificuldades se sucederam:  em duas ocasiões, dois terços dos telhados foram levados pelo vento, enquanto as águas, em consequência de chuvas torrenciais, encheram a capela até o terceiro degrau do santuário. O córrego, transbordando, derrubou  três vezes o muro da clausura. Mas ficaram firmes no serviço do Pobre Crucificado, ao qual se dedicaram com amor ardente, sem perder o ponto de partida, e, com o auxílio dos Frades Menores, sob cuja jurisdição está o Mosteiro, e de generosos benfeitores, para os quais as Irmãs conservam sincera gratidão, os problemas foram sendo resolvidos, sem, contudo, consentirem que nada as afastasse de seu propósito, nem que fosse tropeço no caminho.

Duas fundadoras, por motivo de saúde, retornaram ao Mosteiro de origem, sendo que uma faleceu vitimada pelo câncer, pois não tinham carne de bronze nem a robustez de uma rocha  mas até eram frágeis e inclinadas a toda debilidade corporal.

            Três fundadoras, inclusive a Madre Maria Tereza, adormeceram piedosamente no Senhor,  pois, com Êle  sofreram, com Êle foram reinar, com Êle choraram, com Êle foram se alegrar, e, depois de muitas e variadas tribulações, entraram por meio d’Êle na Sua glória.

            Em 1987 as outras cinco fervorosas pioneiras decidiram retornar ao seu Mosteiro de origem, pedindo instantemente a Madre MARIA PACÍFICA DE JESUS CRUCIFICADO, Abadessa do Mosteiro  de Nossa Senhora dos Anjos, do Rio de Janeiro, e, na época, Coordenadora Geral da União dos Mosteiros Clarianos do Brasil enviar Irmãs para continuar a vida contemplativa de Santa Clara, em Goiás.

            Foi um grande sacrifício para a Comunidade do Rio de Janeiro, que já realizara três fundações, e cedera recentemente Irmãs para ajudar outros mosteiros. Mas, aquiescendo aos rogos das Fundadoras e do Visitador da Ordem, em atenção à determinação final da Sé Apostólica, foi assumida a missão, lembrando que Deus é o nosso auxílio e o nosso melhor consolador e a nossa recompensa eterna.

 Em 1987, as seis monjas abaixo nomeadas, vieram da Gávea [Rio de Janeiro] , para, juntamente com uma professa e uma juniorista, que haviam permanecido no Mosteiro. levarem adiante a vida de adoração e louvor, de trabalho e penitência, com o compromisso de continuar a humilde e laboriosa, mas belíssima tarefa da confecção de hóstias para todo o Estado de Goiás e Dioceses vizinhas. Pois, se o Senhor nos chamou a coisas tão elevadas, estamos obrigadas a bendizer e louvar a Deus, dando força ainda maior umas às outras,, para fazer o bem no Senhor.

Irmãs transferidas do Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos, Gávea, Rio de Janeiro, em l987, para o Mosteiro de Santa Clara, em Anápolis, Goiás:

-Irmã Maria Delfina da Sagrada Face (falecida no Mosteiro, em l5.04.l995)

-Irmã Maria Ângela do SS. Sacramento

-Irmã Maria Bernadete da Imaculada Conceição

-Irmã Maria Clara da Trindade

-Irmã Margarida Maria do Divino Coração

-Irmã Maria de Guadalupe do Amor Misericordioso. Conforme determinado, a Comunidade Clariana de Anápolis ficou sob os cuidados e governo do Mosteiro de Nossa Senhora dos Anjos, por algum tempo, logo em seguida sendo Madre Abadessa Irmã Maria Angela do SS. Sacramento.

Fonte: HISTÓRICO DO MOSTEIRO DE SANTA CLARA DA CIDADE DE ANÁPOLIS-GOIÁS – 1999

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