Neste ano de 2023 comemoramos os oito séculos de aprovação da Regra de São Francisco, cuja essência nossa mãe Santa Clara soube trazer para a vida contemplativa e usar em prol da elaboração de sua própria Regra, que hoje direciona as Irmãs Clarissas.
Neste ano a Ordem Franciscana se alegra com a comemoração do oitavo centenário da aprovação da Regra Bulada composta por São Francisco de Assis para os Frades Menores, em 1223. Esta Regra, cujo núcleo é observar o Santo Evangelho, começou a ser composta muito antes, em 1209, quando São Francisco, estupefato diante da Palavra de Deus junto aos primeiros companheiros que desejavam seguir a mesma inspiração divina, exclamou com alegria: “Irmãos, esta é nossa vida e regra!”
Recebida em 1211 pelas mãos do Santo de Assis para viver o seguimento do Cristo Pobre e Crucificado, a jovem Clara pôde beber das mesmas fontes de Francisco desde os primórdios, quando foi-lhe dada a Forma de Vida: “Por inspiração divina, vos fizestes filhas e servas do Altíssimo Sumo Rei Pai celeste e desposastes o Espírito Santo, optando por uma vida de acordo com a perfeição do Santo Evangelho.” E logo antes da morte de Francisco, em sua última vontade ele exorta as Irmãs a perseverarem até o fim nesta vida e pobreza.
Esta Forma de Vida tornou-se o núcleo da Regra da Ordem das Irmãs Clarissas, que nasceria da experiência cotidiana de Clara com as Irmãs no pequeno Mosteiro de São Damião, em Assis. Sua Regra, cuja a Altíssima Pobreza e Santa Unidade se destacam como fundamento de toda a vida, recebeu aprovação somente 30 anos após a de São Francisco, nas vésperas do ingresso de Santa Clara na vida eterna. Foi, então, a primeira Regra escrita por uma mulher para mulheres.
Como o Poverello de Assis, Santa Clara exorta em sua Regra que direciona a Ordem das Irmãs Clarissas a viver segundo a forma do Santo Evangelho, em castidade, sem nada de próprio e obediência, submetida à Santa Igreja, em uma vida de simplicidade e de mútua dileção fraterna, como ambos trazem em suas Regras: “Se a mãe cria e ama o seu filho carnal, com quanta mais solicitude não deve cada um amar e ajudar a seu irmão espiritual?”. Acima de tudo, quem a professa deve desejar o Espírito do Senhor e seu Santo Modo de Operar, graça divina que ultrapassa as limitações e fraquezas humanas e completa a obra que o Senhor realiza.
Assim, Santa Clara, nos mesmos passos de São Francisco, exorta a todos nós, cristãos, por palavras e exemplo a que voltemos o olhar com atenção ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo em nosso cotidiano, e façamos da Palavra do Pai, tão digna, tão santa e tão gloriosa, a nossa Forma de Vida que nos transforma na imagem de Deus pela graça do Espírito.