Santa Clara testemunha, com São Francisco, que só no espaço da pobreza pode-se abrir um caminho de paz. A pobreza é o lugar das novas relações com Deus, com os outros, e com toda a criação. É da contemplação transformante do Filho de Deus “que por nós se fez pobre neste mundo” que Clara haure a força do amor e o fogo da caridade.
A pobreza de Belém torna-se palpável na pobreza de Clara e de suas Irmãs em São Damião, onde o Menino Jesus é contemplado na sua pobreza e nudez, mas também na sua vulnerabilidade que se exprimirá soberanamente na cruz. Em virtude desta pobreza, nascida da contemplação ” do Santíssimo e amado Menino, envolto em pobres panos e colocado no presépio “, entre as Irmãs, mesmo na fragilidade humana, reina a ” comunhão de amizade “, e é sempre em virtude desta mesma pobreza que Clara se torna ” mediadora da paz”; torna-se terreno aberto e livre no qual pode germinar aquela força confiante e audaciosa da oração que consegue a libertação da cidade de Assis do flagelo da guerra e da violência.
A paz como fruto da pobreza evangélica não se detém apenas dentro dos muros do mosteiro, mas se difunde tanto na vida política e social da cidade como na vida das pessoas que procuram a ajuda e o apoio de Clara e das Irmãs nas dificuldades diárias.
A pobreza e a paz são como duas faces do mesmo mistério da Cristo. Constituem duas exigências da sua mensagem, tão válida como sempre para o mundo de hoje, ao qual vós, queridas irmãs, sois chamadas a oferecer um fiel testemunho evangélico com a vossa pobreza desarmante, vivida na plena unidade de corações mansos e reconciliados. Quando uma criatura, por pobreza e humildade, abre-se e deixa entrar na sua vida o pobre Senhor, aquele que é o Príncipe da Paz, torna-se um espaço onde cada homem, cada povo, cada nação pode redescobrir a única direção para caminhar, que é constituir-se como uma família humana, uma comunidade de paz.
Santa Clara também nos convida a sermos colaboradores do próprio Deus nesta obra de salvação, a sermos humildes e pobres e vivermos na alegria de pertencermos ao Senhor. Desta maneira cada um torna-se semente daquela comunhão de amizade e de paz de que ela mesma foi portadora, sustentando o frágil e cansativo caminho de cada homem e de cada nação rumo à recapitulação em Cristo como membros de seu Corpo inefável.