Celebrar um jubileu é tempo de graça! Como todo tempo de Deus, de forma especial, queremos celebrar, louvar e agradecer ao Pai das misericórdias os 70 anos da presença orante das Irmãs Clarissas na Arquidiocese de Belo Horizonte.
E a nossa gratidão ao Senhor deve acontecer principalmente na escuta de sua Palavra que nos convoca a dar novo sabor à nossa vida consagrada, a sermos luz para o mundo. Queremos fazer deste momento um tempo favorável, tempo de graça, de renascimento.
“Com que solicitude, então, com que zelo da mente e do corpo, devemos observar o que foi mandado por Deus e por nosso pai, para restituir o talento multiplicado, com a colaboração do Senhor!”
(Santa Clara)
Nossos agradecimentos: A Deus Ao nosso Deus, Uno e Trino. Com nossa mãe Santa Clara dizemos: “Obrigada, Senhor, por nos teres criado.”
Aos Irmãos e Irmãs da Família Franciscana O nosso carinho e gratidão à família franciscana, de modo particular aos Irmãos da Província Santa Cruz, por todo o empenho e dedicação, que desde a fundação nos tem acompanhado e apoiado com o Pão espiritual e material, seguindo sempre o que nosso seráfico Pai havia prometido: “Eu quero e prometo, por mim e por meus frades, ter por vós o mesmo cuidado diligente e uma solicitude especial, como por eles” (RegC, cap. VI). Que Deus os conserve perseverantes e fiéis à espiritualidade dos Pais Francisco e Clara de Assis.
Aos amigos e benfeitores O que poderemos dizer de nossos amigos e benfeitores? São os nossos anjos, instrumentos da Providência Divina e queridos de todas nós. São tantos os nomes que não dá para enumerá-los, mas nós confiamos todos à intercessão de nossos Seráficos Pais, Francisco e Clara. Colocamos no Coração de nosso Deus as suas necessidades físicas e espirituais; que lhes sejam retribuídos em bênçãos e graças todo o bem que fizeram e fazem por nós. Pedimos `a Sagrada Família de Nazaré a santificação de suas famílias. Deus lhes pague.
À Arquidiocese Agradecemos à nossa Arquidiocese que nos acolhe na pessoa de nosso Arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo pela sua presença incansável de pastor, de primeiro servidor da Igreja de Belo Horizonte.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
História do Mosteiro Santa Clara de Belo Horizonte
Sempre fora aspiração de muitos religiosos e leigos Belorizontinos, que houvesse aqui a II Ordem de São Francisco, completando assim a presença de seus filhos e filhas, uma vez que na capital mineira já floresciam a Primeira e Terceira Ordem. Em maio de 1949, por parte dos Irmãos Menores, veio à luz a possibilidade da presença das filhas de Santa Clara nesta Província da Região Mineira. Desde então, o plano, era ponto de comunhão entre o incansável batalhador, Fr. Gilberto Alders e os Irmãos. Em junho de 1949, recebia-se a licença de S. Excia. D. Antônio dos Santos Cabral que, expressou seu acolhimento: “De braços abertos receberei na minha Arquidiocese as queridas filhas de São Francisco. Venham!” Em dezembro de 1949, Fr. Gilberto entra em diálogo com a Abadessa do Mosteiro de Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula do Rio de Janeiro, Madre Maria Seráfica do Santíssimo Sacramento, após o qual trazia a certeza efetiva da posse de oito religiosas, seis de clausura e duas externas, firmes na alegria e boa vontade, para a fundação em Belo Horizonte. As Irmãs Clarissas aqui chegaram no dia 5 de agosto de 1950, e a princípio ficaram em uma residência provisória em clausura. A Comunidade das Irmãs estava assim constituída:
Irmãs enclausuradas:
-Madre Mª Seráfica do Santíssimo Sacramento, osc;
-Irmã Maria Boaventura da Sagrada Face, osc;
-Irmã Maria Celina de São José, osc;
-Irmã Maria Paula dos Anjos, osc;
-Irmã Maria Josefina do Santíssimo Sacramento, osc;
-Irmã Maria Gertrudes, osc (Noviça)
Irmãs externas:
-Irmã Maria Terezinha do Menino Jesus, osc ;
-Irmã Mª Margarida do Sgdo Coração de Jesus, osc

No dia 12 de agosto, uma semana após sua chegada, numa solenidade simples mas, grandiosa em seu sentido religioso, D. Antônio dos Santos Cabral oficiou a cerimônia de enclausuramento das Irmãs, entregando a chave à Madre Superiora. Na homilia, D. Antônio, pronunciou algumas palavras como: “As Comunidades contemplativas, devem merecer todo o apoio, porque são magníficos centros de irradiação da bênção do Céu. Assim como Francisco se comprazia em ter perto de si as avezinhas do céu, nós também nos rejubilamos em ter perto de nós aquelas que estabelecem a união entre o Céu e a terra”. No dia 6 de março de 1953, dia de Santa Coleta, realizou-se a Solenidade da bênção e lançamento da Pedra Fundamental da Capela e do Mosteiro Santa Clara. O Mosteiro em que ficariam definitivamente, situado à Rua Santa Rita Durão, 888 no bairro Funcionários.
Na cerimônia de lançamento da pedra fundamental, D. Antônio, falou homenageando as Irmãs. Disse ele as seguintes palavras que bem explicam o sentido da vida contemplativa: “Aqueles que são embriagados pelas coisas terrenas, pelo progresso material, não compreendem o fim de uma instituição de irmãs clarissas, que vivendo na mais intensa pobreza e na mais contínua penitência se agrupam para rezar. Muitos não compreendem que é pelo fruto dessa orações, dessas penitências, dessas renúncias, que o mundo pode equilibrar-se, já que vivemos diante de tantos desequilíbrios e de tantos desvarios. São elas que sustentam o braço de Deus, que deveria pesar e destruir estes homens que desprezam o direito de Deus, que desconhecem a sua Lei e vivem de prazeres e desatinos, no maior atentado contra Aquele que é Senhor do Universo e tem direito absoluto de nos impor a vontade soberana. São estas modestas religiosas que da sua clausura, da sua penitência e da sua oração arrancam de Deus esta paciência, esta misericórdia, esta bondade inefável; com Ele tolera e com Ele espera a conversão de tantos e tantos homens que estão afastados Dele”.
Estando pois, as Irmãs em residência fixa, iniciaram-se as construções. E não se poderiam usar outra expressão senão “milagre”, no desenrolar dos acontecimentos. As Irmãs sem nada possuir, rapidamente ergueram as paredes. Como conseguiram isto, somente a Divina Providência saberia explicar. As esmolas que lhes chegavam constantemente, sejam em dinheiro ou material, se juntavam com o que as Irmãs produziam em confecção de paramentos. Com uma alegria totalmente franciscana, as irmãs recordam-se dos sorrisos dos operários ao acharem fora da clausura o cimento preparado por elas e os utensílios necessários à construção, colocados em ordem para ajudá-los e para que elas também fizessem parte no trabalho.
No dia 8 de dezembro de 1954, foi inaugurada a Capela Nossa Senhora Medianeira de todas as Graças, com a Celebração da Primeira Santa Missa presidida por Fr. Xisto. Em janeiro de 1955 o último operário foi dispensado, faltando apenas alguns detalhes, pinturas, ladrilhados, etc, que foram concluídos pelas próprias irmãs clarissas.
Nunca será demais repetir que em grande parte, a fundação do Mosteiro Santa Clara, deveu-se muito ao infatigável esforço de Fr. Gilberto Alders, Fr. Pedro, Fr. Serafim Lunter – Superior Provincial, Fr. Bertrando, Madre Maria Seráfica, e a colaboração valiosa do Dr. Epaminondas da Costa Lage, que auxiliado pelo Dr. James de Barros, ambos engenheiros, construíram a planta do prédio.