A grade austera, diante da qual as pessoas permanecem atônitas, com um ponto interrogativo no olhar, é um dos sinais mais expressivos para indicar a realidade misteriosa do nosso simples cotidiano, sinal que nos tempos de hoje dificilmente se entende. É muito difícil para as pessoas de hoje no mundo em que vivemos entenderem essa Forma de Vida em que em um espaço delimitado se possa viver sem neuroses ou fugas, uma vida sadia e alegre. “No mistério de Maria a Clausura é nossa opção eclesial de viver no recolhimento com Cristo em Deus, para quem só estamos livres na totalidade de seu amor. E para Santa Clara de Assis nossa fundadora, a clausura é também a dimensão da altíssima pobreza, pela qual um limite lhe é imposto no espaço, dentro dos muros de São Damião. A clausura constitui na verdade e propriamente, o mistério pascal de Cristo e da Igreja. As Irmãs, recolhendo-se nos claustros, utilizam mais perfeita e tipicamente o elemento primário de toda a vida cristã.” Nós estamos sempre na retaguarda ajudando com as orações, com a doação da própria vida na intimidade com Cristo os nosso irmãos e irmãs que estão no mundo com a missão de pregar o Evangelho a todas as nações em lugares de risco aonde a Igreja é perseguida, irmãos sacerdotes, leigos, religiosos e religiosas que diariamente levam no próprio corpo as marcas da Paixão do Senhor para que o Evangelho seja anunciado, para que o Amor que é Cristo chegue até os confins da terra e os homens reconheçam o rosto misericordioso do Pai. Na vocação para qual fomos chamadas o importante não é sermos visíveis, mas credíveis e espiritualmente eficazes. “Os Institutos de vida contemplativa, pelas suas orações, penitências e tribulações, têm uma importância máxima na conversão das almas, visto que é Deus quem pelas nossas orações envia operários para a Sua messe, abre as almas dos não-cristãos para ouvir o Evangelho, e fecunda nos seus corações a palavra da salvação. Pede-se até a esses Institutos que fundem casas nas terras de missão como já bastantes fizeram, para que, levando aí uma vida acomodada às genuínas tradições religiosas dos povos, dêem entre os não-cristãos um testemunho brilhante tanto da majestade e da caridade de Deus como da sua união em Cristo.” (DECRETO AD GENTES)
É difícil para os homens e mulheres desse nosso tempo compreenderem essa estranha exigência, essa pretensão da parte de Deus, de chamar alguns para simplesmente em um delimitado espaço físico amar, rezar e alcançar a humanidade através dessa oração incessante. Falamos ao Pai das misericórdias sobre a humanidade, palavras de amor e de intimidade, abrindo o nosso coração para o mistério que nos envolve e deixando-nos possuir por esse mistério: o mistério da contemplação do rosto do Pai das misericórdias. Na intimidade, na adoração, no louvor, na meditação da palavra, na vida de pobreza em fraternidade através da Santa Missa, falamos ao Pai das misericórdias palavras de amor, falamos ao Deus misericordioso sobre a humanidade, as dores, as alegrias, os sofrimento, as lutas diárias, as vitórias, os anseios mais profundos, o desejo de Deus… A alma contemplativa é uma alma que se sente em comunhão com todos, que apresenta todos ao Senhor, esvaziando-se de todo o supérfluo para que a misericórdia de Deus transborde, a paixão por Cristo é paixão pela humanidade! A contemplação que alimenta nossa vida nunca pode ser alheia à vida de nossos povos e ao que os afeta, as realidade de nossos irmãos e irmãs são levadas à oração que é este comprometimento, onde colocamos em Deus o nosso coração e através do coração Dele, dos braços Dele tocamos todas as realidades: estamos na África, Ásia, Europa, Oceania, América e na Antártida, porque o Amor não conhece fronteiras nem barreiras, através do Coração de Jesus nos tornamos mães de toda humanidade, possuidoras de uma fecundidade espiritual extraordinária gerando Cristo diariamente na Igreja para o mundo. Dentro de nós pulsa o coração, os anseios, os desejos mais profundos dos homens e mulheres desse nosso tempo, e é tudo isso que oferecemos diariamente em nossas orações.