Mosteiro Santa Maria dos Anjos: Celebração dos dez anos de fundação 2009-2019

logomosteiro

“Deus é o Senhor soberano de seus desígnios. Mas, para a realização dos mesmos, serve-se também do concurso das criaturas. Isso não é sinal de fraqueza, mas da grandeza e da bondade do Deus Todo-Poderoso. Pois Deus não somente dá às suas criaturas o existir, mas também a dignidade de agirem elas mesmas, de serem causas e princípios umas das outras e de assim cooperarem no cumprimento de seu desígnio.” (CIC 306)

Assim, por disposição Divina, há 81 anos, no ano de 1938, os primeiros Missionários da Província Franciscana da Turíngia, na Alemanha, chegavam ao Mato Grosso para fundar uma nova Missão. Na despedida dos quatro missionários, o Superior da Missão, Frei Eucário Schmitt, reconheceu com confiança que “nossa missão no Mato Grosso faz parte do plano da Providência Divina”. Mais tarde, os missionários puderam confirmar as palavras de Frei Eucário e afirmar que foi o Espírito Santo quem trouxe os Franciscanos da Turíngia ao Mato Grosso e foi por Ele que os mesmos trabalharam e realizaram tantas obras.

A Cúria Geral dos Franciscanos, em Roma, oficializou a criação do Comissariado Provincial do Mato Grosso no dia 15 de outubro de 1936. O decreto foi assinado pelo então Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei Lenardo Bello. O Comissariado tinha o título de “Virgo Gaudiosa” e por padroeiro São Francisco Solano, o patrono das Missões Franciscanas. Devido a mudanças na legislação franciscana, a Missão, ou Comissariado, do Mato Grosso, a partir de 1967, começou a ser chamada de “Custódia das Sete Alegrias de Nossa Senhora”, sob cujo título ficou conhecida até hoje.

Os primórdios da missão dos franciscanos nestas terras remontam ao tempo em que os missionários viviam em condições precárias, em meio ao povo simples e abandonado. As viagens, em geral, eram feitas a cavalo ou no lombo do burro, na famosa “pastoral da desobriga”, que consistia na celebração da Missa, batizados e casamentos. O transporte de barco também era usado, principalmente no tempo das chuvas e no pantanal. Há registros de viagens pelo Sertão que duravam até três meses, principalmente na região de Dourados.

Mesmo diante de tantas dificuldades, os frades desenvolveram grande atividade pastoral. Em colaboração com os bispos, fundaram novas paróquias e até novas dioceses, e implantaram a Ordem Terceira de São Francisco, para os leigos. Mas os frades tinham a convicção de que a mensagem franciscana e mesmo o anúncio cristão evangélico não são completos sem a dimensão contemplativa. Sempre mais ouvia-se entre os frades: “Nossa Missão, nosso trabalho pastoral somente vai criar raízes, e um fundamento mesmo, quando tivermos entre nós as Filhas de Santa Clara” (do Livro das Crônicas). Frei Maurílio Schelbauer foi o primeiro Provincial de MT e MS a lutar para trazer as Irmãs Clarissas para este território. Seu sucessor, Frei Bernardo Dettling (1993-1999), também como provincial, se esforçou em chamar as filhas de Santa Clara, mas não recebeu respostas positivas. No ano de 2000, ao ser transferido para Dourados, Frei Bernardo encontrou o novo Bispo, Dom Redovino, que ainda não havia tomado posse da diocese, e já partilhava do mesmo desejo: trazer para a Diocese de Dourados o Mosteiro das Irmãs Clarissas. Iniciou-se, então, uma série de correspondências entre Dom Redovino e as Irmãs do Mosteiro de Anápolis/GO, que duraram exatamente 7 anos, até a inauguração do Mosteiro no dia 9 de agosto do ano de 2009.

E assim, realiza-se a obra de Deus, que de um só e mesmo espírito fez sair do mundo os irmãos e as irmãs, para restaurar a Casa do Senhor. As irmãs com a vida inteiramente contemplativa, os irmãos sendo missionários no claustro do mundo. Tanto para Clara como para Francisco, sua vocação e missão é a de viver o Santo Evangelho, pois só assim poderão dar glória ao Nosso Pai Celestial em toda a sua Santa Igreja, formando um bloco de pedras vivas, sendo exemplo e espelho uns para os outros e juntos para o mundo.

Fazemos menção a memória de nosso querido Frei Bernardo, ofm, que trouxe à Diocese de Dourados/MS um Mosteiro de vida Contemplativa da Ordem de Santa Clara. Nas crônicas de nosso Mosteiro Frei Bernardo nos deixou por escrito a história sagrada desse desejo nutrido e gestado por muitos anos até que o desejo do coração dele se encontrou com o desejo do coração de Dom Redovino.

Palavras não poderiam expressar a nossa gratidão ao Altíssimo, Onipotente e Bom Senhor por tão grande dom. Neste início de um novo ano civil, oferecemos a nossa gratidão pelo ano que passou, por tantas graças recebidas, damos graças pelas celebrações dos dez anos de fundação deste Mosteiro, por todos que se fizeram presentes fisicamente e espiritualmente. Um Mosteiro ainda muito jovem,  querido e sonhado por um santo Frei, por um santo Bispo e fundado por uma santa Madre, não poderíamos ter melhores intercessores no céu.

Compartilhe:

Mais Artigos: