A Virgem Maria na Espiritualidade Franciscana – 3

_The Madonna Offering the Christ Child to St_ Francis_ Pietro da Cortona

Em preparação para a Solenidade de Nossa Senhora dos Anjos, Padroeira da Ordem Franciscana, postaremos uma série de vídeos e textos sobre a Virgem Maria na Espiritualidade Franciscana. Os vídeos da série “4 minutos com Maria e São Francisco” são do Christian Media Center, e através do acervo do Terra Santa Museum mostram a profundidade da Mãe Santíssima no Franciscanismo.

Texto:

Fr. STÉPHANE MILOVITCH, ofm
Diretor do Departamento de Patrimônio Cultural – Custódia da Terra Santa
“Hoje apresentamos um objeto litúrgico que não se usa mais, uma pax folheada a prata, fabricada em 1561. A pax, também chamada de “osculatorium”, é um objeto adotado pela liturgia do século XII e era beijado pelo celebrante antes da comunhão. A pax chegou a Jerusalém da ilha de Rodes e uma inscrição no objeto diz que foi feita por vontade de três frades franciscanos. A cena representada talvez seja derivada de uma gravura ou pintura e retrata Nossa Senhora e o Menino Jesus entronizados sob um dossel, entre São Francisco e São Ludovico de Tolosa. Existe a hipótese de que este objeto tenha sido feito na França ou em Veneza, devido ao cenário iconográfico semelhante às pinturas do Renascimento veneziano.”

Fr. ALESSANDRO CONIGLIO, ofm
Professor Studium Biblicum Franciscanum – Jerusalém
“Como já dito, esta belíssima pax representa dois santos franciscanos em ato de veneração à Santíssima Virgem e ao seu Divíno Filho, São Francisco e o Bispo São Ludovico. A devoção de Francisco a Maria Santíssima sempre foi sincera. Tomás de Celano nos diz que, “em sua homenagem, cantava louvores particulares, elevava orações, oferecia ternuras que a linguagem humana não poderia expressar” (2Cel 198; FF 786). Entre estas orações dirigidas por Francisco à Mãe de Deus, destaca-se uma, que é quase um tratado de teologia mariana: é conhecida como a Saudação à Bem-aventurada Virgem Maria e diz o seguinte: “Ave Nossa Senhora, Santa Rainha, Santa Mãe de Deus, Maria, Virgem feita Igreja, eleita pelo Santíssimo Pai celeste, que te consagrou juntamente com o seu Santíssimo Filho amado e com o Espírito Santo Paráclito; Tu que fostes e que és toda plenitude da graça e todo bem. Ave, palácio do Senhor, ave, tabernáculo do Senhor, ave, casa do Senhor. Salve, vestimenta do Senhor, ave, serva do Senhor, ave, mãe do Senhor e vós, todas santas virtudes que, pela graça e iluminação do Espírito Santo, se infundem nos corações dos fiéis, para tornar os infiéis em fiéis à Deus” (FF 259-260). Nesta oração se sobressai a série de epítetos que o Santo reserva à “Virgem feita Igreja”: palácio, tabernáculo, casa, vestimenta, serva e Mãe… O ventre de Maria que carrega o Filho de Deus, é o lugar onde Deus se fez presente no mundo, como já acontecera na antiga aliança, na Tenda de Moisés e no Templo de Jerusalém. Verdadeira morada de Deus no mundo, Maria revestiu o Filho de Deus com a nossa humanidade, gerando-o assim na história humana como verdadeira mãe. Maria é verdadeiramente a hipostasia da Igreja, a sua personificação: nela, membro mais eminente da Igreja, se reconhece a sua própria imagem perfeita e a plena realização do seu mistério: assim como Maria gerou o Filho de Deus, permanecendo virgem, também a sua Igreja gera os filhos de Deus, permanecendo a noiva imaculada do Cordeiro.”

Fonte: Christian Media Center

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