A jovem Clara, nobre de nascimento e mais nobre ainda pelas virtudes, desejosa de seguir a Cristo nos passos e sob os conselhos de Francisco, estabeleceu-se finalmente na igreja de São Damião, anteriormente reparada por ele e, tendo o Senhor acrescentado e lhe confiado irmãs atraídas pelo mesmo Espírito, recebeu do santo pai uma primeira Forma de Vida, seus conselhos e escritos, dentre estes, sua última vontade: “Eu, Frei Francisco, pequenino, quero seguir a vida e a pobreza do Altíssimo Senhor nosso Jesus Cristo e de Sua santíssima Mãe e nela perseverar até o fim; rogo-vos, senhoras minhas e vos aconselho a que vivais sempre nessa santíssima vida e pobreza”. Obediente, Clara escreverá em sua regra a obrigação de não terem nem por si, nem por pessoa intermediária, nenhuma posse ou propriedade; também exorta `as irmãs a não se apropriarem de nada, nem de lugar, nem de coisa alguma, conforme prometeram. Mas, servindo ao Senhor, na pobreza e humildade nos passos de Sua Virgem Mãe pobrezinha e, acolhendo-O dentro de si mesmas pela caridade inefável, mandassem pedir esmolas confiadamente, porque o Senhor se fez pobre por nós neste mundo. E, sempre segundo o ensinamento do santo pai Francisco, que se guardassem de toda soberba, vanglória, inveja, avareza, cuidado e solicitude deste mundo, da detração e da murmuração, da dissenção e da divisão. Antes, fossem solícitas em conservar, umas com as outras, a unidade do amor mútuo, que é o vínculo da perfeição.
”Ao servo de Deus nada deve desagradar senão o pecado. Mas se uma pessoa pecasse de qualquer forma que seja, e o servo de Deus ficasse por isso perturbado e enraivecido -a não ser por caridade- entesouraria riquezas de culpa para si. Vive realmente sem nada de próprio aquele servo de Deus que não se enraivece nem perturba por causa de ninguém. E bem aventurado aquele que nada retém para si”.
(Admoestações)
Oração: “Salve Senhora santa pobreza, o Senhor te guarde por tua santa irmã, a humildade! Senhora santa caridade, o Senhor te guarde por tua santa irmã, a obediência! Santíssimas virtudes todas, guarde-vos o Senhor, de quem procedeis e vinde a nós! E cada uma por si destrói os vícios e os pecados”.