Eu sou do
meu Amado
Neste dia em que celebramos a Novena em honra a Santa Clara de Assis acompanhamos, no Domingo de Ramos, a entrega total da jovem Clara ao seu Esposo Celeste, Jesus Cristo, ao deixar o século e trocar o que é terreno pelas riquezas eternas.
No dia da festa de Ramos bem vestida e elegante, Clara entrou na igreja com os outros. Aconteceu um oportuno presságio: os outros se apressaram a ir pegar os ramos, mas Clara ficou parada em seu lugar por recato, e o pontífice desceu os degraus, aproximou-se dela e lhe colocou a palma nas mãos.
De noite, dispondo-se a cumprir aquilo que havia combinado com Francisco, empreendeu a ansiada fuga de sua casa, para viver aquilo que seu coração desejava. Abandonando o lar, a cidade e os familiares, correu a Santa Maria da Porciúncula, onde os frades, que diante do altar de Deus faziam uma santa vigília, receberam com tochas a virgem Clara.
Com os cabelos cortados pela mão dos frades, abandonou seus ornatos variados e foi revestida pelas vestes da penitência.
Mal voou a seus familiares a notícia, eles reprovaram a ação e os projetos da moça. Recorreram à violência impetuosa, querendo convencê-la a sair dessa baixeza, indigna de sua linhagem e sem precedentes na região.
Mas ela segurou as toalhas do altar e mostrou a cabeça tonsurada, garantindo que jamais poderiam afastá-la do serviço de Cristo. Entre insultos e ódios, resistiu na esperança, até que os parentes, derrotados, se acalmaram.
Mudou-se finalmente para a igreja de São Damião, a conselho do bem-aventurado Francisco. Não vacilou diante do aperto, nem teve medo da solidão.
Clara fechou-se Mosteiro de São Damião por amor ao Esposo celeste. Aninhando-se nas fendas dessa rocha, a pomba de prata gerou uma fileira de virgens de Cristo, instituiu um santo mosteiro e deu início à Ordem das senhoras pobres.
Nesse apertado recinto, por quarenta e dois anos, quebrou o alabastro do corpo, enchendo a casa da Igreja com o aroma dos perfumes.