Fundação: 17 de junho de 1984
Rua Irmã Coleta, 01
Cx. Postal 110
Cep 59300-000 – Caicó – RN
Tel.: (84) 3421-1182
Abadessa: Irmã Maria Luísa do Amantíssimo Coração de Jesus
O nordeste do Brasil é uma região semi-árida. Por seu estilo geográfico pedregoso e árido, faz lembrar o fascínio da Terra Santa. Foi esta região o alvo do beneplácito divino para implantação da Ordem de Santa Clara em terras seridoenses.
O então Bispo da diocese de Caicó-RN, Dom Heitor de Araújo Sales, em frequentes visitas ao Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos, da Gávea, Rio de Janeiro, berço desta Fundação, renovou incansavelmente seu pedido para a ereção de um Mosteiro Clariano em sua diocese. Em resposta a esse pedido apostólico, a Abadessa, Madre Maria Pacífica de Jesus Crucificado acedeu a esta solicitação no ano de 1984.
Foram liberadas oito Irmãs para a Fundação: Madre Maria Coleta do Sagrado Coração de Jesus, vigária; Irmã Maria Ângela do Santíssimo Sacramento; Irmã Maria Madalena da Santa Cruz; Irmã Marlene Inácia de Jesus Hóstia, mestra; Irmã Maria do Rosário de Fátima da Ressurreição; Irmã Maria José de Jesus (noviça); Irmã Francis Maris da Imaculada (noviça); Irmã Lúcia Maria do Imaculado Coração (noviça).
Sob o clima tocante da separação, Madre Maria Pacífica traçou sobre as Fundadoras o sinal da cruz e estas empreenderam a jornada, de ônibus, até o Rio Grande do Norte, em nome do Senhor. Era o dia 12 de junho de 1984.
No dia 15 de junho chegaram à cidade de Caicó, após breve permanência na querida comunidade do Mosteiro Santa Clara de Campina Grande-PB. Foram recebidas solenemente na Catedral e se hospedaram no Colégio das religiosas “Filhas do Amor Divino”. No dia 17 de junho celebrou-se a Missa campal de enclausuramento no Castelo de Engady, bastante rústico internamente e de aspecto medieval, residência provisória. Permaneceriam neste local pelo espaço de dois anos, até a conclusão do Mosteiro definitivo. Dom Eugênio Sales, então cardeal arcebispo do Rio de Janeiro e irmão co-sanguíneo de Dom Heitor, presidiu solenemente a cerimônia, contando com a presença dos padres da diocese e estados vizinhos, alguns Frades Capuchinhos, além de quatro bispos.
Como todo início de Fundação, os primeiros anos foram bastante árduos para a Comunidade nascente, que teve de enfrentar momentos difíceis de adaptação ao clima, à falta de água, costumes e região. Mas, tantas fadigas foram recompensadas pelo florescimento contínuo de vocações. As jovens eram atraídas pelo novo estilo de vida, totalmente desconhecido para elas. Sentiam-se tocadas pela irradiante alegria das Irmãs, associada à vivência da pobreza, visível nos pés descalços e nos grosseiros e pobres hábitos. Em pouco tempo, dada a insistência dessas jovens, as Irmãs deviam pensar em principiar a recebê-las, ao menos as mais velhas.
Transpondo muitos obstáculos, e com a ajuda de alguns benfeitores, foi possível construir o Mosteiro definitivo, que seria intitulado “Mosteiro Nossa Senhora de Guadalupe, Mãe das Américas”. Instalado entre a Cúria e o Seminário Diocesano, torna ainda mais marcante e visível a presença da Igreja na região seridoense.
Sob o clima tocante da separação, Madre Maria Pacífica traçou sobre as Fundadoras o sinal da cruz e estas empreenderam a jornada, de ônibus, até o Rio Grande do Norte, em nome do Senhor. Era o dia 12 de junho de 1984.
No dia 21 de junho de 1987 as Irmãs deixaram a morada provisória, o Castelo de Engady, para dirigir-se em Procissão Eucarística, rumo ao novo Mosteiro. Tudo se confiou e se esperou da Divina Providência. Uma vez mais se viram confirmadas as palavras de Jesus a Fundadora Santa Clara de Assis: “Eu sempre vos guardarei!”. Também não lhes têm faltado, ainda hoje, a assistência espiritual do senhor Bispo e dos Padres diocesanos.
Mesmo na precariedade do ambiente, na habitação primitiva, procuraram manter o Ofício Divino e a Adoração Eucarística, diurna e noturna. O Senhor veio em seu auxílio com muitas vocações. Favorecidas com tão grande dom, com fervor renovado, ajudadas pela funcionalidade do novo prédio, puderam esmerar-se ainda mais na observância da disciplina regular, na determinação dos horários, de maneira a facilitar, não somente a execução dos trabalhos, mas principalmente dispondo tudo para fomentar uma intensa vida de oração, a meditação pessoal e comunitária, a hora bíblica, a hora espiritual, retiros e desertos mensais, dia livre para interiorização pessoal, estudo comunitário, formação permanente e outras prescrições das Constituições, para permanecer como atalaias, sentinelas atentas ao que o Senhor lhes quiser comunicar.
Atendendo ao desejo expresso por sua Fundadora, Santa Clara, as Irmãs se revezam no trabalho e oração, além das horas de estudo. Os trabalhos domésticos são executados por todas as Irmãs professas e formandas. Além disso, contribuem na subsistência através de diversos trabalhos remunerados, como sejam: confecção de hóstias, paramentos, artesanato em gesso, cartões de papel vegetal, velas e círios pascais.
O silêncio observado durante o dia e também durante a noite é interrompido pelo recreio comunitário, onde as Irmãs se entretém fraternalmente umas com as outras, pelo espaço de uma hora por dia, entregando-se ao mesmo tempo a algum trabalho manual.
Muitas são as pessoas que procuram o Mosteiro para confiar-se às orações das Irmãs. Por elas se intercede a Deus, como também por toda esta região nordestina, de condições precárias devido ao clima árido.
Desde os princípios da Fundação têm sido constante e numerosa as vocações e assim foi possível realizar em Setembro de 1999, a sua primeira Fundação para a cidade de Marília/SP, após alguns anos em 2005 seguiu um outro grupo para ajudar o Mosteiro Fraternidade São Francisco de Assis na Cidade de Mossoró-RN e em 2009, outro grupo foi para a Cidade de Cascável-PR para a uma nova Fundação.
Em tudo isto sempre contando com a graça de Deus que acompanha e fortalece a jornada.
Irmã Maria Coleta do Sagrado Coração de Jesus, filha de pais piedosos, segunda de sete irmãos, nasceu em Três Rios, estado do Rio de Janeiro, na Fazenda das Garças aos 31 de janeiro de 1908, recebendo no batismo o nome de BEATRIZ ROCHA.
Fez seus estudos como aluna interna do Colégio das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora de Amparo, em Petrópolis, Estado do Rio, onde a família estabeleceu residência.
Seu espírito religioso, nutrido pela fé simples dos pais profundamente piedosos, solidificou-se aos pés da Santa Mãe de Deus. Das Irmãs de São Vicente de Paulo recebeu a fita azul das Filhas de Maria. Pertenceu à Ordem Terceira de São Francisco de Assis, onde recebeu os primeiros rudimentos da espiritualidade franciscana. Sentindo, pouco depois, o chamado à vida monástica, transferiu-se para a Segunda Ordem Franciscana, ingressando no Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula, Gávea (RJ) – onde viveu 45 anos edificando a todas com a sua vida exemplar. Após o Postulantado, fez sua iniciação ao Noviciado aos 26 de abril de 1939, recebendo o hábito clariano das mãos de Madre Maria Seráfica, primeira Abadessa e Fundadora do Mosteiro do Rio, passando a chamar-se IRMÃ MARIA COLETA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS.
No ano seguinte, aos 02 de março 1940, emitiu os Votos Temporários. A cerimônia de sua Profissão Temporária foi solenemente presidida pelo Reverendíssimo Padre Guardião, Frei Heliodoro Müller, o qual presidiu também sua Profissão Solene aos 12 de maio de 1943.
A Irmã Maria Coleta exerceu vários ofícios na Comunidade, com seus especiais dons e incansável disponibilidade foi refeitoreira, costureira, porteira; por muitos anos foi também membro do Conselho Monástico, Vigária e Mestra de Noviças.
Em julho de 1984, a Madre Maria Pacífica de Jesus Crucificado, Abadessa do Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos, atendendo aos apelos de Dom Heitor, então Bispo Diocesano de Caicó, assumiu a Fundação de mais um Mosteiro Clariano na Terra de Santa Cruz, agora na região do Nordeste, no estado do Rio Grande do Norte.
A Madre Maria Coleta, Vigária Conventual, após 45 anos no Mosteiro do Rio, dispôs-se à vir à frente do grupo de 7 Irmãs para fundar o Mosteiro Nossa Senhora de Guadalupe, “Mãe das Américas”.
Vencendo com sua característica jovialidade as muitas dificuldades de início e de adaptação ao clima regional tão diferente de Petrópolis e do Rio de Janeiro, foi para a jovem comunidade um exemplo de coragem e energia.
Em pouco tempo, sentiu no coração ardente de contemplativa missionária o afeto profundo pela terra que adotou como sua, sentindo-se caicoense de coração. Ao retornar ao o Rio para uma cirurgia de emergência, só pensava em voltar para as longínquas terras, onde o Senhor a chamou para rezar e se imolar. Como recompensa à tanta generosidade de espírito de imolação e sacrifício, o Senhor fecundou a sua oblação em favor desta Igreja local e da Igreja Universal.
Nos últimos meses de sua vida foi acometida de grave doença nos olhos, da qual ficou cega, isso a impossibilitava de rezar lendo a Liturgia das Horas e fazer alguns trabalhos na Comunidade como ajudar na costura, ou cuidar da horta. Dia 09 de outubro, fez uma aplicação com raio lazer e voltou a ver bem, para sua grande alegria.
Nos dois últimos meses foi surgindo uma espécie de asma (falta de ar), causada pelo coração já um tanto cansado e com freqüentes oscilações da pressão, apesar dos medicamentos para controle, deram os primeiros sinais de que o fim de sua caminhada estava se aproximando…
Na Terça-feira, dia 10 de outubro, teve uma crise de asma durante a noite e foi imediatamente para UTI. No dia seguinte, estava bem e retornou para o Mosteiro apesar de sentir sempre o cansaço.
Passou uma semana preparando a Comunidade para sua morte. Pediu para chamar um padre mais velho para ouvir sua confissão e, ministrar a Unção dos Enfermos e, participou de tudo com elegância e consciência da celebração.
No inicio da noite do dia 18, Quarta-feira, – dia dedicado ao nosso Pai São José e festa de São Lucas , saiu de sua cela e mandou dizer à Madre que estava passando mal. A Madre e com as Irmãs prepararam a nebulização que ajudava nos momentos de crise. Quando a Madre lhe entregou a bombinha ela olhou, baixou a mão – não conseguia mais!
Ainda foi levada ao hospital, mas o médico só constatou… Tudo foi rápido, cinco a dez minutos.
A cidade em peso acorreu aos seus funerais. Os sacerdotes da Diocese estiveram dando apoio durante todo o dia. Seus amigos não escondiam a emoção: Maria Dina, Irmã Filomena (Congregação do Amor Divino), Zenóbia, Rosineide, Gílberto, dona Maria Alice, e tantos outros… Juninho, um garotinho de uns sete anos, – filho do Alex, ex-operário do Mosteiro, perguntou à Madre: “Me diga: por que a Irmã Coleta morreu tão jovem? Porque era muito nova…”
Realmente é uma verdade, seu espírito não acompanhou a idade cronológica. Como a Mãe Clara pode-se dizer por tantas razões: “Coleta, Mulher Nova!”, como também: a sua vida foi um mistério, um sacramento; árvore alta e fecunda, ramo doce e flexível. Amava a Deus, adorava ardentemente o Santíssimo Sacramento. Clarissa autentica! Vigorosa, pois se alimentava da Pobreza Seráfica. Grande contemplativa. Pequena, frágil e tão grande, tão forte.
Apesar da saudade, a fé nos conforta na certeza de que agora temos uma Irmã, uma Irmã nossa, pertinho de Deus a interceder por nós, no Céu. Fica também o modelo, o espelho e exemplo de uma autêntica Clarissa que sempre buscou ser fiel a Deus, à Igreja, ao ideal seráfico, a cada Irmã e a todos os irmãos e irmãs que a buscavam constantemente.